25.3.09

Fechadas 15 empresas por mês desde Janeiro

Pedro Antunes Pereira, in Jornal de Notícias

É um cenário muito negro, aquele que o Sindicato da Construção Civil e das Madeiras do Distrito de Braga traça do sector: fecho de empresas, desemprego, milhões de dívidas, sem retorno, a trabalhadores e ao Estado.

No distrito de Braga, fecharam 49 empresas de construção civil nos últimos três anos, lançando para o desemprego mil trabalhadores. No total, são mais de 86 milhões de euros de dívidas dos quais 23 milhões aos trabalhadores, Segurança Social e Fisco. O Sindicato da Construção Civil e das Madeiras do Distrito de Braga traça um cenário negro: "Nos últimos três meses, a crise levou ao encerramento de 15 empresas por mês", diz José Maria Ferreira.

Os representantes dos trabalhadores apresentaram alguns argumentos para tantas insolvências: "Um sector fortemente dependente de obras públicas e autárquicas; fraca formação cultural empresarial; permissividade das instituições de Estado, Segurança Social e Fisco; facilitismo das instituições de crédito, prática de altos salários dos administradores e inclusão de toda a família na administração".

No entanto, segundo José Maria Ferreira, "se os feitos deste descalabro empresarial é penalizador e preocupantes para os trabalhadores", é quase impossível "contabilizar as muitas centenas de postos de trabalho em perigo nas subempresas", havendo "um despudorado aproveitamento da crise, que despoleta um conjunto de comportamentos condenáveis". Os sindicalistas não poupam também a Segurança Social.

Segundo o Sindicato da Construção Civil e Madeiras do Distrito do Braga, "há ordens superiores no sentido de atrasar o mais possível o pagamento dos subsídios de desemprego aos trabalhadores, criando burocracias inúteis". As críticas à Segurança Social passam também pelo atraso com que no distrito de Braga são pagas as prestações sociais da Segurança Social.

Os juízes, "que fazem tudo para não ter de redigir sentenças", e os processos de insolvências, "nos quais é permitido todo o tipo de jogos de negociação" são também alvos do sindicato, que não deixa impune os centros de emprego, acusados de "exigir novos procedimentos para garantir o subsídio de desemprego".