31.3.09

IEFP compromete-se a garantir 74 mil empregos

Catarina Almeida Pereira, in Diário de Notícias

Objectivo implica a subida de 15% face ao que foi conseguido no ano passado. Os dois primeiros meses do ano não foram favoráveis: o número de colocações caiu 24% em Fevereiro porque as ofertas também desceram.

Num ano particularmente difícil, o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) compromete-se a aumentar em 15% o número de colocações de desempregados.

O relatório de actividades do IEFP estabelece o objectivo de conseguir 74 mil colocações, depois das 64 mil alcançadas no ano passado. O número está a crescer há três anos, mas fica consecutivamente abaixo das previsões. A degradação da situação económica é o obstáculo óbvio, explica Francisco Madelino, presidente do IEFP, mas não é o único. Ao registar as ofertas, as empresas submetem-se a algum escrutínio em relação à existência de dívidas ao Estado ou aos trabalhadores, ao licenciamento ou à conformidade com outras normas legais. "É como uma maior presença do Estado", que as empresas evitam, admite o responsável. "Depois, há outras empresas perfeitamente estruturadas que vêem o IEFP como um meio de colocação de pessoas em segmentos menos qualificados". Uma imagem "que tem de ser superada", acrescenta o responsável. O esforço está a ser feito, segundo declara, através "da formação ou da assinatura de protocolos com grandes grupos económicos", nomeadamente no sector da distribuição.

O Instituto Nacional de Estatística questiona os inquiridos sobre os procedimentos adoptados para encontrar trabalho. 60% dos 427 mil desempregados registados no ano passado contactaram um centro de emprego; metade dirigiu-se directamente à empresa; 36% estabeleceram contactos com conhecidos ou sindicatos.

Colocações caem 20%

O início do ano não foi fácil. Em Janeiro e Fevereiro os centros de emprego registaram pouco mais de 7700 colocações, o que representa uma queda de 18% em relação ao ano passado, ainda mais acentuada em Fevereiro (24%, a maior desde 2001). Ao longo destes dois meses inscreveram-se nos centros de emprego mais de 130 mil pessoas como desempregadas. A autocolocação e a adesão a programas de formação não estão aqui considerados, esclarece o responsável.

Os dados confirmam a predominância de colocações em segmentos menos qualificados: operários, trabalhadores não qualificados , vendedores e empregados de escritório têm maiores probabilidades de encontrar um emprego através do IEFP.

"Em mercados onde a informação é plena [como os mais qualificados], as empresas só recorrem ao IEFP quando precisam de algum tipo de apoio", acrescenta Francisco Madelino. O salário oferecido ronda, segundo refere, os 550 euros negociáveis.

A evolução do número de ofertas pode ajudar a explicar a quebra nas colocações: em Fevereiro, o número de novas ofertas desceu 26% em termos homólogos, numa queda generalizada a todas as regiões do País.