27.3.09

Esperança de vida saudável aumentou entre 1995 e 2006

Alexandra Campos, in Jornal Público

Relatório da Comissão Europeia divulgado há duas semanas tinha problemas de interpretação, explica Alto Comissariado da Saúde


O Alto Comissariado da Saúde garante que a esperança de vida saudável dos portugueses aumentou entre 1995 e 2006, ao contrário do que se podia depreender da "análise superficial" da evolução deste indicador há cerca de duas semanas divulgado pela Comissão Europeia (CE).

De acordo com o Relatório Conjunto sobre Protecção Social e Inclusão Social de 2009, da CE, a esperança de vida saudável teria diminuído em Portugal nos últimos dez anos, sobretudo entre as mulheres. O documento referia que o tempo que uma portuguesa podia esperar viver sem qualquer incapacidade ou limitação por questões de saúde era 57,6 anos, em 2006, o que, segundo os cálculos do Eurostat apresentados, representava menos 5,5 anos do que em 1995.

Pelo contrário, acentua agora o Alto Comissariado da Saúde, em Portugal houve um aumento da esperança de vida saudável nos últimos anos (2004-2006), tanto no caso dos homens como no das mulheres (no sexo masculino aumentou 5,6 anos e no feminino cresceu 4,5).

Segundo o Alto Comissariado, há problemas na interpretação da Comissão Europeia. A comparabilidade dos valores das séries 1995-2001, 2002-2003 e 2004-2006 "foi afectada por estimativas e mudanças metodológicas a diferentes níveis", defende. E isto porque para o período 1995-2001 se usaram sobretudo os resultados do inquérito ao Painel Europeu de Agregados Domésticos Privados (que se refere a pessoas não-limitadas nas suas actividades diárias por qualquer problema de saúde mental, doença ou incapacidade), enquanto a partir de 2004 se utilizaram os resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento das Famílias (no qual a condição "não-saudável" é definida pela limitação nas actividades usuais da pessoa, devido a problemas de saúde com duração não inferior aos seis meses anteriores à entrevista).

Esta alteração da fonte de dados usada para calcular a prevalência da incapacidade em 2004 criou uma quebra na série, facto que, segundo o Alto Comissariado, "limita consideravelmente a comparabilidade entre os valores pré-2004 e anos seguintes". Foi esta quebra na série que originou uma diminuição drástica (perda de 9,8 anos de vida saudável apenas entre 2003 e 2004, para o sexo feminino, e de 4,7 anos, para o sexo masculino). Mas, se forem apenas comparados os valores que resultam dos mesmos procedimentos metodológicos, verifica-se que houve um aumento nos últimos anos (2004-2006).

A monitorização do Plano Nacional de Saúde tem-nos mostrado que a evolução tem sido positiva e consistente, garante a alta--comissária da Saúde, Maria do Céu Machado.