20.3.09

Menos dinheiro, mais vontade de comprar

Susana Otão, in Jornal de Notícias

As perspectivas do poder de compra dos portugueses são sombrias para 2009, mas o desejo de consumo mantém-se acentuado. Este ano, as famílias nacionais pretendem viajar e comprar ainda mais, nem que seja com recurso ao crédito.

Apesar da crise financeira e económica, os portugueses não querem abdicar de viajar ou de fazer compras. A toada tem-se mantido desde 2006 e, até ao ano passado, registaram-se opiniões idênticas quanto às intenções de compra. Para 2009, os desejos de consumo mantêm-se.

Nos últimos anos, as viagens estiveram no topo das intenções de compra dos europeus, e os portugueses não foram excepção. Este ano, 19% dos lares nacionais manifestou intenção de realizar uma viagem. Este valor regista uma subida de dois pontos percentuais face a 2008, segundo um estudo apresentado ontem pelo banco Cetelem.

Esta tendência contraria, no entanto, as intenções dos restantes 12 países onde foi elaborado o estudo, com os inquiridos a preverem viajar menos do que em anos anteriores.

Em geral, Portugal é o país com as intenções de compra mais baixas de toda a Europa. No entanto, em solo nacional, são os algarvios os mais dinâmicos neste item.

Mas não é só com viagens que os portugueses pretendem esquecer a crise. Comprar telemóveis e electrodomésticos são outros dos produtos de que os lares nacionais não se querem privar. E num ano em que as obras em casa parecem ficar para segundo plano nas intenções dos portugueses (6%), a compra de mobiliário poderá registar um aumento (12%).

Apesar de as intenções de compra terem vindo a ser bem vincadas nos último três anos, também foi nesse período que a moral nacional registou valores mais baixos, em relação aos restantes 12 países da Europa. Ainda assim, denote-se que os habitantes do Grande Porto e do Alentejo são os mais optimistas.

Apesar do cenário adverso que o país atravessa, a intenção de consumo sobrepõe-se à de poupança, com 18% dos inquiridos a revelarem que pretendem poupar, face aos 62% que conta aumentar as despesas.

E, caso os proveitos económicos não estiquem, alguns portugueses não vão hesitar em pedir um empréstimos (5%), fazendo aumentar ainda mais os valores do crédito ao consumo registado em 2008.