30.6.10

"Entre a escola e o supermercado vai tudo"

in Diário de Notícias

Multiplicar. António Carvalho tem 39 anos e é vendedor de imobiliário. A mulher, da mesma idade, ajuda a compor o orçamento familiar com um part-time, em que se aplica nos raros tempos livres em que não está a dedicar-se a um dos cinco filhos do casal, entre os dois e os nove anos. No essencial, o rendimento de António tem de cobrir as despesas, sempre calculadas ao cêntimo numa folha de Excel.

As despesas de supermercado rondam actualmente os 400 euros mensais. "Tem aumentado 100 euros todos os anos", lamenta António. Ainda assim, considera, a família "está preparada" para enfrentar os novos aumentos que se anunciam.

"Tem de se cortar no que é supérfluo", diz, revelando que, quando vai ao supermercado, a família "leva sempre uma lista" e, de preferência, vai "de barriga cheia", para "evitar a tentação" das guloseimas.

"É uma opção que tomámos e de que não nos arrependemos", conta. "Há confortos de que prescindimos. Não vamos às Seicheles, tudo bem, vamos à Caparica. E temos a família grande que sempre desejámos."

O único "luxo" da família - se é que se pode chamar-lhe isso - são as escolas privadas frequentadas pelos quatro mais velhos. "Sentimos que era importante, que lhes dariam um empurrão para a vida", conta. Por ano, as escolas "custam "17 mil euros. Somado ao supermercado, vai tudo", diz. Com os cortes nas deduções fiscais na educação pode não chegar. "Pensámos tirar a mais velha. Mas decidimos aguentar mais um ano."