27.6.10

Número de casos de sobreendividados que pedem ajuda continua a aumentar

Por Raquel Almeida Correia, in Jornal Público

Associação recebeu 1258 pedidos de ajuda entre Janeiro e Maio. Desemprego é uma das principais causas


A Deco recebeu 1258 pedidos de ajuda de pessoas sobreendividadas nos primeiros cinco meses deste ano, o que significa um aumento relativamente ao número de casos registado no mesmo período de 2009. Os residentes em Lisboa são os que mais recorrem ao gabinete de apoio da associação. E a maioria está nessa situação por ter perdido o emprego ou por motivos de saúde.

No início de 2010, Março foi o mês em que a Deco recebeu mais processos de sobreendividamento, tendo atingido os 330. Os dados mais recentes revelam que, no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, 1258 pessoas já pediram ajuda, das quais 214 em Maio. Registou-se, assim, uma subida, ainda que ligeira, face aos números atingidos em igual período do ano passado (1251).

O ano de 2009 fechou com um total de 2812 casos de acumulação de dívidas, valor que se compara com os 2034 registados em 2008. Quanto a expectativas para este ano, Natália Nunes, responsável pelo Gabinete de Apoio ao Sobreendividamento (GAS) da associação, acredita que esse número "deverá aumentar significativamente" e "mais ainda em 2011".

Isto porque "o desemprego continua elevado e a perspectiva é que assim se mantenha nos próximos tempos" e porque "vai aumentar a pressão sobre o poder de compra por causa das medidas de austeridade", referiu, acrescentando que "há ainda o problema das taxas de juro", que vão aumentar tendencialmente.

No que diz respeito aos dados de Maio, a perda do posto de trabalho foi a causa apontada por 27,1 por cento dos sobreendividados para pedir ajuda à Deco. Segue-se na lista de principais motivos a doença (23,2 por cento), a deterioração das condições laborais (15,1 por cento) e o divórcio ou separação (12,3 por cento).

Dos sobreendividados que pediram ajuda em Maio, perto de dez por cento tinha mais de dez créditos por liquidar. E cerca de 16 por cento das pessoas tinham oito a dez empréstimos cujas prestações não conseguiam cumprir. A Deco só disponibiliza ajuda às que "estão de boa fé e com manifesta impossibilidade de fazer face ao conjunto das suas dívidas".

No mês passado, Lisboa foi responsável por 101 dos pedidos de ajuda registados em Maio. O segundo lugar coube ao Norte do país (69), seguindo-se o Algarve e Coimbra (ambos com 14) e Évora (dez). Em termos de contactos, que não têm necessariamente de resultar em processos de sobreendividamento, 366 pessoas contactaram a Deco por telefone, sendo que o formato presencial e escrito têm um grau de ocorrência semelhante (342 e 310, respectivamente).