28.6.10

Não há casas nem comida para tantos pedidos de ajuda

Dora Mota, in Jornal de Notícias

A situação social de Valongo agravou-se durante o último ano e a Câmara recebe agora pedidos diários de ajuda para casa e comida. O número de refeições fornecidas pela autarquia subiu, mas não há casas que cheguem para todos, diz a vereadora da Acção Social.

Os pedidos de habitação aumentaram de forma significativa, tendo-se verificado, além disso, um empobrecimento da população que vive nos 17 empreendimentos sociais de Valongo. De Janeiro até Maio deste ano, 117 famílias pediram à Câmara uma habitação, o que corresponde a uma média de 24 novas situações por mês. Mas o município não vai investir em habitação.

"Nesta altura, em que estamos numa situação de saneamento financeiro, não vamos construir seja o que for. Não temos como responder à situação das pessoas", referiu, em declarações ao JN, a vereadora da Acção Social. Maria da Trindade Vale.

Apesar das dificuldades financeiras, a Autarquia pretende manter os apoios sociais que são vitais para muitos munícipes. Assim, além de prolongar o Plano de Emergência Alimentar, no âmbito do qual são fornecidas quase 200 refeições por dia, a Câmara está a preparar protocolos com várias associações e empresas para apoiar as pessoas mais carenciadas. Conseguir preços mais baixos em bens diversos, da água aos seguros, é um dos planos.

Também se pretende garantir apoio judicial gratuito ou ainda conseguir apoios na área da saúde, como próteses auditivas, a quem não tem condições para pagar os tratamentos. É intenção da vereadora da Acção Social ter um protocolo geral pronto para ser aprovado pelo Executivo durante o próximo mês de Agosto.

Entretanto, o Plano de Emergência de Apoio Alimentar, criado em Abril do ano passado pela Autarquia, foi prolongado por se considerar que da sua suspensão resultariam "situações de grave carência alimentar". No mês passado, foram distribuídas, em média, 184 refeições. No total, foram 3879.

As Instituições Privadas de Solidariedade Social de cada freguesia que fornecem cabazes alimentares começam a lidar com problemas em adquirir alimentos nas quantidades necessárias. "Chegamos a um ponto em que não sei se vamos ter alimentos para distribuir às famílias carenciadas", alerta Maria da Trindade Vale.

A situação problemática é notória, ainda, no aumento do número de crianças com ajuda para livros, material escolar e alimentação.