Barroso fala em ética europeia para resposta clara sobre a Grécia

Por Pedro Crisóstomo, Agências, in Público on-line

A crise da dívida que a zona euro atravessa é “muito grave” e exige que os líderes europeus vão amanhã a Bruxelas com sentido de responsabilidade e uma clarificação das medidas a adoptar no quadro do segundo pacote de assistência à Grécia. Uma mensagem deixada hoje pelo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, quando a chanceler alemã, Angela Merkel, já avisou que da cimeira europeia não se devem esperar “avanços espectaculares” para a situação grega.

A um dia da cimeira de chefes de Estado e de Governo europeus, em Bruxelas, Barroso insistiu na necessidade de os responsáveis da zona euro darem uma resposta sobre os termos do novo pacote financeiro discutido há semanas para conceder a Atenas.

E “o mínimo” que devem fazer, frisou, é dizer com clareza quais as medidas previstas para estabilizar a situação grega.

“O momento exige que sejam tomadas decisões”, dramatizou aos jornalistas em declarações na Comissão Europeia, para depois deixar um recado implícito a Angela Merkel. A chanceler alemã recebe hoje, em Berlim, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, com a questão grega em cima da mesa, mas que ontem retirou a esperanças sobre uma solução absoluta e mais alargargada.

Sem referir nomes em concreto, Durão Barroso fez um apelo “a todos os dirigentes” a fazerem prova da sua “ética da responsabilidade europeia” e reforçou estar convicto de que ainda é possível – “com boa vontade” – os líderes encontrarem uma solução amanhã.

A Alemanha deixa claro que não cederá da sua posição de envolver o sector financeiro privado no segundo resgate à Grécia – através do reescalonamento do reembolso dos títulos de dívida detidos pelos credores –, mas contra a inclusão está o Banco Central Europeu, que já reiterou que não apoiará qualquer medida que vá no sentido de uma reestruturação da dívida grega.

Merkel recusou ontem que a resposta europeia à crise da dívida venha a ter avanços significativos e vincou que, para já, aquilo que sair do encontro de amanhã centrar-se-á apenas nos problemas de financiamento imediatos de Atenas. Hoje, o seu porta-voz, Steffen Seibert, mostrou-se “muito confiante” numa solução “que faça avançar as coisas”.