por Ana Marcela, in Dinheiro Vivo
Cerca de 30% dos portugueses tem dificuldade em gerir o impacto da crise na sua vida e fazer face às despesas.
A conclusão é do estudo Há luz nesta crise? da empresa de estudos de mercado Kantar Worldpanel, realizado junto de um painel de 4 mil lares no final do ano passado.
O estudo revela que as dificuldades dos portugueses com a crise tem vindo a aumentar. Junto do segmento que a empresa classifica de impactados - casais, com filhos, entre os 25-49 anos, da classe baixa e média baixa e que já representa, 27% dos portugueses - o valor subiu 5 pontos percentais, em relação aos 22% registados em 2009.
A crise teve efeitos nos hábitos de consumo das famílias, com os produtos de marca de distribuição, as ofertas e promoções a serem cada vez um maior chamariz para os consumidores.
O ano passado, de acordo com os dados da Kantar Worldpanel, os frescos (+5,3%), o papel (+2,1%) foram as categorias que viram subir em volume o seu consumo, já as bebidas, por exemplo, caiu 10,6%.
O que leva os responsáveis da empresa de estudos de mercado a concluir que está a emergir "um novo padrão de consumo, mais contido, refletido", diz Sónia Antunes, diretora da Kantar Wordlpanel.
"Já em 2012 se detetou sinais desse novo padrão", diz, afirmando que em termos de alimentação "voltamos aos anos 80". "Comida tradicional como o borrego", exemplifica, "produtos estavam muito associados a momentos específicos" estão a regressar ao consumo das famílias.
À medida que o tempo passa as perspectivas de evolução da economia nos lares também piora. Se em 2009, em média 58,1% dos inquiridos considerava que a crise iria demorar três anos a passar, em 2012 o valor sobe para 76%, com apenas 4,3% a considerar que passado um ano a economia vai dar a volta.
Talvez por isso, 89% do painel - e não apenas os impactados com a crise - digam que toda a família está envolvida no controlo dos custos (em 2009 o valor era 74%) e 76% admita que compara agora mais os preços do que antes. Em 2009, esse valor era de 69%.
Já as promoções e descontos 85% dos lares admitem que é um factor a que dão importância. Mas isso já ocorria em 2009. Já nessa época era um elemento valorizado em 83% dos lares.