in RTP
O desemprego no Douro desceu 1,8% em maio devido à sazonalidade do turismo neste território, mas continua a ser um "flagelo" que atinge 18,8% da população, disse à Lusa o presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro (CIMDouro).
Segundo dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), em maio estavam inscritos nos centros de emprego 15.358 pessoas dos concelhos do Douro, menos 1,8% que em abril mas mais 13,4% que em maio do ano passado.
O desemprego atinge 18,8% da população ativa deste território.
Os concelhos de Lamego e Mesão Frio são os que continuam a verificar as maiores taxas de desemprego (27,2% e 25,8% respetivamente), enquanto São João da Pesqueira e Penedono apresentam as taxas mais baixas (10,6% e 11%).
Artur Cascarejo, presidente da CIMDouro, que abrange 19 municípios durienses, classificou o desemprego como um "flagelo que põe em causa a coesão da região e do país".
O também presidente da Câmara de Alijó justificou a "ligeira descida" verificada no mês de maio, com a sazonalidade do turismo na região demarcada e a reabertura de algumas unidades hoteleiras que estiveram fechadas durante o inverno.
É a partir de abril/maio que o Douro começa a receber mais visitantes, em números que vão aumentando até à vindima, em setembro/outono, esvaziando-se depois de novo.
Por exemplo, em Sabrosa reabriu o Solar dos Canavarros e, em Alijó, a Pousada Barão de Forrester, que foi adquirida por um empresário local à Empresa Nacional de Turismo (Enatur).
"Só nesta unidade são 15 postos de trabalho que foram ativados", afirmou Artur Cascarejo.
A estes dois hotéis, juntam-se, segundo o autarca, outras unidades de turismo rural e de quinta que reabrem para este período.
"É uma dinâmica sazonal que nós gostaríamos que durasse todo o ano. É melhor isto que nada", desabafou.
Artur Cascarejo defendeu "uma alteração da estratégia de combate à crise", não só a nível nacional mas europeu, em que a "prioridade" seja dada ao desemprego.
À semelhança do que acontece no resto do país, também no Douro se tem verificado o encerramento de muitas pequenas e médias empresas, muitas das quais ligadas aos setores da restauração ou do vestuário e calçado.
Mas, por aqui, onde a principal atividade económica é vitivinicultura, junta-se também uma redução do trabalho na vinha, devido às quebras consecutivas nos rendimentos dos pequenos e médios produtores.
O autarca acrescentou ainda, como fator para a taxa de desemprego que ronda os 19 por cento da população, o encerramento de serviços públicos nas áreas da educação e da saúde. "Não há milagres", lamentou.
Para o autarca, "quando não há financiamento e se a nível do setor público não há emprego, a nível do privado também não, muito menos nesta região que não tem grandes empresas".
E, na sua opinião, a situação não é pior devido, por exemplo no caso do seu concelho, à construção da Barragem de Foz Tua.
"Que faz com que ao nível da restauração, do alugar de casas, de pequenas empresas na área da construção civil ou da metalomecânica, que têm ali na barragem uma oportunidade de emprego e de trabalho, senão estaríamos muito pior", acrescentou.
Artur Cascarejo lembrou ainda o investimento de uma grande empresa de distribuição de vinho do Porto, que vai criar postos de trabalho no concelho e dinamismo económico nos concelhos vizinhos onde irá também comprar uvas.