Emília Monteiro, in Jornal de Notícias
Árbitro de futebol e a mulher estão desempregados e não têm direito a apoios por não terem morada
Há dois meses que um casal vive sem luz e sem água, dois níveis abaixo do chão, porque não tem dinheiro para pagar a renda de uma habitação. A garagem custa-lhes 45 euros por mês.
Há dois meses que Miguel, 36 anos, e Cândida, de 39, vivem numa garagem de seis por três metros, situada dois andares abaixo do chão, sem luz, sem água e sem qualquer entrada direta de ar, em Famalicão. Estão os dois desempregados. Miguel Veloso já foi carpinteiro e canalizador. Cândida Carvalho fazia limpezas em prédios. "Não fazíamos descontos. Enquanto houve trabalho, tínhamos dinheiro, agora não temos nada", frisa Miguel, árbitro da Associação de Futebol de Braga.
Sem direito a qualquer Rendimento Social de Inserção, a vida deste casal está embalada em meia dúzia de sacos e alguns caixotes. No chão da garagem, pela qual pagam uma renda mensal de 45 euros, está o colchão onde dormem. Casa de banho "só no Leclerc e no Jumbo", os dois supermercados que ficam perto do Edifício Saza, onde 'vivem'.