in RTP
O Ministério da Saúde quer uma implementação plena da rede de cuidados em pedopsiquiatria e um estudo do impacto do desemprego na saúde, medidas para tentar minimizar o efeito da crise na saúde mental da população.
Segundo um documento a que a agência Lusa teve acesso, o ministro da Saúde pretende que se desenvolvam "ações de reforço na área da saúde mental das crianças, jovens e adolescentes, nomeadamente através da implementação plena da rede de cuidados em pedopsiquiatria".
Além disso, quer acompanhar, com o Ministério da Economia, os impactos do desemprego na saúde das pessoas.
Em fevereiro deste ano, o ministro Paulo Macedo tinha pedido um parecer ao Conselho Nacional de Saúde Mental sobre "o impacto expectável da atual situação económica e financeira na saúde mental da população portuguesa".
Nesse parecer, a que a Lusa hoje teve acesso, o Conselho indica que as pessoas que ficam desempregadas, que passam por experiências de empobrecimento e ruturas familiares "têm um risco significativamente maior de problemas de saúde mental".
Também as crianças, os idosos e os doentes crónicos apresentam maior vulnerabilidade.
"O desemprego contribui para a depressão e suicídio e os jovens desempregados têm um maior risco de contrair problemas de saúde mental do que as pessoas jovens que permanecem empregadas", indica o documento.
Como medidas preventivas, o Conselho de Saúde Mental recomenda ainda programas ativos do mercado de trabalho, programas de apoio familiar, cuidados de saúde de proximidade para pessoas mais vulneráveis e programas de alívio da dívida (que contribuem para reduzir os efeitos nocivos na saúde mental da crise económica).
Na área da saúde, o parecer indica que é necessária uma articulação dos centros de saúde com os serviços de saúde mental.
"Os investimentos em serviços de saúde mental nos períodos de crise económica apresentam-se como potencialmente compensados, pela redução de custos em saúde, pela redução da dependência social", refere o documento.
O Ministério da Saúde tinha ainda questionado o conselho sobre a gestão do património dos doentes menatis crónicos, internados em instituições, que ainda não tem solução legislativa.
No seguimento deste parecer, o Ministério determinou que a Direção-Geral da Saúde conclua, até setembro próximo, uma proposta de legislação sobre a matéria.