in TSF
Estudo europeu estima que rendimento dos portugueses caiu 6% entre 2010 e 2012. São cada vez mais os portugueses a viver abaixo daquele que era o limiar para ser pobre em 2007.
Os portugueses mais pobres estão a viver com cada vez mais dificuldades. A conclusão surge num estudo publicado recentemente pelo gabinete de estatísticas da União Europeia (Eurostat).
Apesar de se dizer com frequência que a pobreza está a aumentar em Portugal, os últimos dados oficiais referem-se a 2010. O estudo publicado pelo Eurostat tenta colmatar, em parte, esta lacuna.
Três investigadoras de uma universidade inglesa tentaram estimar a evolução, nos últimos 2 anos, da pobreza, da desigualdade e dos rendimentos nos países europeus mais afectados pela crise.
As investigadoras estimam que o rendimento médio dos portugueses caiu seis por cento entre 2010 e 2012. Curiosamente, no entanto, aquela que seria a percentagem oficial de pobres revela sinais de alguma estabilidade com uma descida muito ligeira.
Esta última estimativa, feita com base em vários indicadores conhecidos (evolução dos apoios sociais, desemprego, impostos, etc.), segue o modelo oficial para medir a chamada taxa de risco de pobreza.
O problema é que este método olha para o número de portugueses que vivem com menos de 60 por cento do rendimento nacional mediano. Como este valor caiu de 2010 para 2012, o limiar oficial para se ser pobre também desceu o que pode significar, como apontam estas estimativas, que a percentagem oficial de pobres, em Portugal, diminuiu um pouco.
À TSF, uma das autoras do estudo, Jekaterina Navicke, explica que semelhante fenómeno já tinha acontecido, mas ao contrário, nos países Bálticos (com fortes aumentos do rendimento médio acompanhados do aumento da taxa de pobreza).
As investigadoras do Institute for Social and Economic Research da Universidade de Essex tentaram colmatar as limitações do indicador oficial de pobreza fazendo uma análise em que usam aquele que em 2007 era o limiar de rendimento para ser considerado pobre. Nesse caso, e tendo em conta a inflação, o cenário inverte-se: o número de portugueses pobres cresce, claramente, de 18 por cento em 2010 para mais de 21 por cento em 2012.
Jekaterina Navicke diz que este último indicador «reflecte os níveis de vida na população e vemos que em Portugal, tal como noutros países da Europa do Sul, esses níveis caíram quando comparamos com 2007, pelo que assistimos, neste segundo indicador, a um aumento da taxa de pobreza».
Os resultados do estudo confirmam que os portugueses mais pobres, estão, na prática, no dia-a-dia, a viver pior do que há alguns anos atrás.