25.6.13

Portugueses estão cada vez mais pobres

Por: Cláudia Lima da Costa / Carmen Fialho, in TVI24

Estudo revela que entre 2010 e 2012 o rendimento médio diminui 6% e que há mais portugueses no limiar da pobreza


O nível de rendimentos dos portugueses mais pobres voltou a cair entre 2010 e 2012. Um novo estudo do gabinete de estatística do Eurostat calcula que o nível de rendimentos das famílias tenha caído 6,5%. O estudo conclui ainda que os cortes nas reformas deixaram os idosos mais pobres e que há cada vez mais crianças em risco de pobreza.

As formas de combate à pobreza são uma das metas para a União Europeia para 2010. No entanto, para combater o flagelo é necessário conhecê-lo a tempo, o que nem sempre é possível. «Se continuarmos desta forma só em 2023 saberemos se as metas de 2020 foram atingidas», explicam as três investigadoras autoras do estudo.

Os últimos dados disponíveis sobre o risco de pobreza, por exemplo, de países em crise económica, como Portugal, são de 2010. A estatística da desigualdade e pobreza de 2012 pretende colmatar esta falha através de uma nova forma de cálculo de previsões que usa os dados do EU-SILC 2008 e o simulador EUROMOD, que faz a estimativa de acordo com as políticas entre 2008 e 2012.

Na primeira conclusão, o estudo assume que os países em crise vêm os seus rendimentos médios em queda. «A nova forma de cálculo estima uma mudança na distribuição de riqueza. Primeiro, em três países em que o rendimento médio deverá presumivelmente cair, acentuadamente na Grécia, mas também em Espanha e Portugal», revela o relatório.

Os dados mostram que os números do rendimento disponível sobem em Portugal até 2010, mas a média começa a cair em 2011. O estudo estima que a queda no rendimento médio das famílias seja de 6,5%. Já «na Grécia os valores caiem sistematicamente desde 2009» e em Espanha há registo de quedas em 2011 e 2012.

As famílias têm menos rendimentos e como consequência também o risco de pobreza é maior, pelo menos, quando analisado à luz da nova forma de calculo, ou seja, tendo por base o «indicador de pobreza de 2007», atualizado com o «índice da inflação» (evolução dos preços entre 2008 e 2012). Estima-se, assim, que a pobreza em Portugal subiu em 2011-2012.

No entanto, se os cálculos forem efetuados da forma «tradicional», com base no número de portugueses que vivem com menos de 60% do rendimento nacional mediano, a taxa de pobres diminui. A explicação encontra-se se tivermos em conta que a média de rendimentos das famílias, em 2010 e 2012, diminui e como tal o número de portugueses no limiar da pobreza também. No entanto, na realidade, as famílias, agora fora das estatísticas, continuam a ter baixos rendimentos.

«Isto mostra que os preços cresceram mais rapidamente do que os rendimentos das famílias em média e, entre outras coisas, indica que os padrões de vida entre aqueles que estão no limiar da pobreza, ou perto, caíram no período entre 2007-2012, com a excepção da Roménia», lê-se no documento.

De acordo com um dos gráficos do estudo, o risco de pobreza, em Portugal, situava-se perto dos 20% em 2007. Em 2010 teve uma descida ligeira, para cerca de 18%, tendo chegado aos 21%, em 2012. Nas crianças, concretamente, a taxa de pobreza estava perto dos 25% em 2007, mas ultrapassou esse valor em 2012. «Os dados revelam que as crianças vivem pior em 2012 do que em 2007», com exceção para a Roménia. «A tendência é para crescer mais nos países do sul da Europa: Grécia, Espanha, Itália e Portugal», afirma o documento.

Já nos idosos, a taxa estava pouco acima dos 20% em 2007 e ultrapassou essa fasquia em 2012. Os indicadores concluem que o corte nas pensões de reforma implicam um aumento da taxa de risco de pobreza, mesmo nos países com rendimentos em crescimento, como a Estónia e a Letónia, mas também nos países com queda de rendimentos como Grécia, Espanha e Portugal.

Os dados agora apresentados revelam que há mais pobres em Portugal, no entanto, também aqui é possível verificar que Portugal não é a Grécia. Se por cá a subida rondou os 3%, os gregos viram os números de pobreza subir de 20%, em 2007, para 40%, em 2012.