Sónia M. Lourenço, in Expresso
No terceiro trimestre, as despesa de consumo final das famílias residentes em Portugal em bens duradouros atingiu 3182,6 milhões de euros, o valor mais elevado desde o final do ano 2000. Consumo privado foi um dos pilares da recuperação da economia portuguesa durante o VerãoDepois de semanas fechadas em casa, em março e abril, por causa da pandemia de covid-19, o desconfinamento de muitas famílias portuguesas durante o Verão ficou marcado pela aquisição de bens duradouros, como automóveis, mobília, computadores ou telemóveis. É isso que indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre a evolução da economia portuguesa no terceiro trimestre do ano, publicados esta segunda-feira.
As despesas de consumo final das família residentes no país em bens duradouros atingiram 3182,6 milhões de euros, um valor que não apenas ficou acima dos níveis pré-pandemia, como é o mais elevado em quase 20 anos. É preciso recuar até ao quarto trimestre do ano 2000 para encontrar um número mais expressivo, nos 3270,4 milhões de euros.
Os veículos automóveis têm um peso determinante nesta categoria dos bens duradouros. E os dados mostram que depois de colapsar no segundo trimestre (contrações de 87% em abril, 74,8% em maio e de 56,3% em junho, em termos homólogos), as vendas de ligeiros de passageiros recuperaram durante o Verão, apesar de ainda se manterem abaixo dos níveis de 2019 (quedas de 17,6% em julho, 0,1% em agosto e de 9,4% em setembro).
Contudo, os dados do INE até indicam que no seu todo, as despesas de consumo final das famílias residentes no pais em bens duradouros no terceiro trimestre até ficaram acima do mesmo período de 2019, crescendo 2,1%.
O consumo privado foi, aliás, basilar na recuperação da economia portuguesa no terceiro trimestre, quando depois de afundar na Primavera, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 13,3% face aos três meses anteriores. Ainda assim, na comparação homóloga, a economia ainda ficou no vermelho, com uma queda de 5,7%.
CONSTRUÇÃO PASSA AO LADO DA CRISE
Os dados publicados esta segunda-feira pela autoridade estatística nacional mostram também que o sector da construção continua imune à crise.
No terceiro trimestre, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, o indicador-chave para analisar o investimento) em construção atingiu 4632,6 milhões de euros. É o valor mais elevado dos últimos nove anos, ou seja, desde o terceiro trimestre de 2011, quando chegou aos 4815,9 milhões.
Recorde-se que já no segundo trimestre, altura em que a economia portuguesa sofreu um trambolhão inédito, o investimento em construção tinha continuada a crescer, chegando aos 4599,6 milhões de euros. Um valor que comparava favoravelmente não apenas com os primeiros três meses deste ano - antes da pandemia - como também com o segundo trimestre de 2019.