Miguel Amorim, in JN
A linha "Gaia+Consigo", um serviço para combater o isolamento em tempo de pandemia, funcionou entre abril e junho, durante a primeira vaga, e foi bastante procurada, tanto assim que a Autarquia decidiu pela sua reabertura neste mês de dezembro, a partir da próxima segunda-feira, dia 7.Patrícia Lopes, psicóloga clínica e adjunta do presidente da Câmara, Eduardo Vítor Rodrigues, lidera o projeto, que considera uma "mais-valia para a saúde mental" dos munícipes.
As respostas são de vária ordem, mas, da lista, sobressai a "Chave de Afetos", um programa que resulta da parceria com a Santa Casa da Misericórdia do Porto e através do qual as pessoas idosas, mais isoladas, têm um alarme que podem acionar, com resposta pronta do outro lado da linha. A "Chave de Afetos" está ligada a uma central e funciona durante as 24 horas do dia.
Se na primeira vaga, Patrícia Lopes deparou-se com "sentimentos de choque e angústia, incluindo o receio de sair à rua", relacionado com o "medo de contrair a infeção", nesta segunda vaga espera "encontrar as mesmas questões, associadas, agora, ao cansaço psicológico", dado que a situação dura há meses. "A incerteza vai fazer parte da nossa vida e a perda de controlo pode paralisar-nos", anota.
Na sua vertente mais básica, o sistema "Gaia+Consigo" desempenha uma "função pedagógica, ao informar sobre as restrições em vigor no concelho". Mas o seu papel é abrangente. Dá respostas sociais a quem precisa.
A linha telefónica funciona em rede, com a Câmara, as Juntas de Freguesia e as IPSS. A coordenadora do projeto lembra que a Autarquia destinou "100 mil euros ao fundo do Emergência Social" para dar resposta a pessoas e famílias carenciadas. Pois, como destaca, a pandemia trouxe consigo casos de desemprego e de incerteza económica, que importa acudir. Fala de "pobreza envergonhada", para quem de um momento para outro ficou sem rendimento, e diz que "há que identificar esta nova população".
São 15 os voluntários da "Gaia+Consigo", todos psicólogos clínicos, que estão do outro lado da linha (número 800210115) para dar respostas, seja de caráter social ou de acompanhamento psicológico. As chamadas são grátis.
Funciona cinco dias por semana, de segunda-feira a sexta-feira, entre as 9 horas e as 17 horas. Abrange todo o concelho.
Na primeira fase, de abril a junho, foram recebidas 350 chamadas. Destas, 38 foram encaminhadas para a ação social e 34 para acompanhamento psicológico.