Ana Baião, Rosa Pedro Lima, in Expresso
Tiago Barbosa Ribeiro apoia Ana Gomes e diz que a esquerda "não tem de ter medo de disputar ideias feitas". Os populismos combatem-se com "verdade, frontalidade e com números". O RSI "foi um sucesso" que permitiu reduzir em 4 pontos percentuais a pobreza infantil. A candidata "não podia estar mais de acordo"
Tiago Barbosa Ribeiro, deputado do PS e apoiante confesso de Ana Gomes, foi direto. Logo no arranque da sua intervenção, assumiu (ao contrário de muitos dos seus colegas de partido) estar "com muito gosto" a apoiar esta corrida presidencial "na qual se reveem muitos socialistas". E, depois, foi diretamente a um dos temas que mais choque frontal tem criado entre a candidata e "aquele senhor", como é designado André Ventura.
"Muitas vezes ouvimos a ideia dos 'subsidio-dependentes'", começa por dizer o deputado socialista. Já antes, tinha sublinhado o quanto o "Estado Social é o cinto de segurança da democracia" e como "o fermento dos populismos é o desligamento social que explora o medo, as divisões e as mentiras, naquilo que são as políticas sociais".
Mas, depois, foi a vez de dizer a "verdade, com frontalidade e com números". Sem pejo em "prestar tributo a Paulo Pedroso", que é diretor de campanha de Ana Gomes e um dos alvos de ataque de Ventura, falou do apoio social criado há 25 anos pelo Ministério de Ferro Rodrigues, onde Pedroso era secretário de Estado. O Rendimento Social de Inserção (RSI) é "uma boa medida" e seguem os dados: "em 2019, dos 267 mil beneficiários, 34% eram crianças, jovens e idosos". "Subsidio-dependência? Só se quisessem que os nosso idosos fossem trabalhar ou defendessem o trabalho infantil", diz Barbosa Ribeiro. As estatísticas também mostram que "menos de 6% dos beneficiários do RSI pertencem à comunidade cigana" e quem diz o contrário está a "fomentar ódio social às minorias". (Ventura fala especificamente nos ciganos como subsídio-dependentes e fala em 18% de beneficiários do RSI nesta comunidade)
O recado estava dado: as políticas sociais são uma marca distintiva que separam a direita da esquerda. "A direita tem uma visão mais mitigada do Estado Social", diz o deputado socialista. A esquerda "não tem de ter medo" de vir a terreno, nem de "disputar preconceitos daqueles que querem explorar a pobreza e lançar pobres contra pobres".
Ana Gomes, mesmo à distância e em conversa virtual, garantiu que "não podia estar mais de acordo" com o deputado socialista. "Quem tem o conselho destas pessoas com tanto conhecimento e criatividade", diz a candidata, agradecida. "Penso que estarei apetrechada para fazer face aos desafios que o país enfrenta".
Foi mais um debate virtual para encerrar o dia da campanha eleitoral de Ana Gomes. Desta vez, o zoom foi sobre "prosperidade inclusiva" e trouxe ainda à cena Inês Ferreira Leite, professora universitária e membro do Conselho Superior de Magistratura e Fernanda Rodrigues, que, até 2010 coordenou o Plano Nacional de Ação para a Inclusão. Amanha, haverá mais.