Carolina Amado, in Público on-line
Luna Reyes, voluntária da Cruz Vermelha, abraçou um migrante senegalês na chegada a Ceuta. As imagens ficaram virais e a jovem foi alvo de insultos racistas e xenófobos. Agora, uma corrente de elogios silencia o ódio.
As imagens mostram o momento em que Luna Reyes, voluntária da Cruz Vermelha, abraça e consola um migrante senegalês, visivelmente aflito, na chegada a Ceuta, território espanhol no norte de África.
Desde o início da semana, milhares de pessoas entraram em Ceuta, vindas de Marrocos, que transfere, assim, o controlo da chegada de migrantes e requerentes de asilo para Espanha, e pressiona Bruxelas e Madrid.
“Ele estava a chorar, eu dei-lhe a minha mão e ele abraçou-me”, disse Luna Reyes ao canal de televisão espanhol RTVE. “Ele agarrou-se a mim. Esse abraço foi um salva-vidas.”
À medida que as fotografias e vídeos se tornaram populares, Luna Reyes começou a receber ameaças e insultos racistas e xenófobos nas redes sociais por parte de apoiantes do Vox, partido de extrema-direita espanhol, o que a levou a restringir o acesso às suas contas, indica o El País.
“Viram que o meu namorado era negro, não paravam de insultar-me e dizer-me coisas racistas, horríveis”, disse a jovem de 20 anos à RTVE, voluntária na Cruz Vermelha desde Março, como estágio da licenciatura em Integração Social.
Contudo, a par da onda de ódio, recebeu uma avalanche de agradecimentos e aplausos, silenciando os insultos com a hashtag #GraciasLuna. “#GraciasLuna Somos uma organização onde existem muitas Lunas, que diariamente ajudam pessoas como as que chegam a Ceuta, a Arguineguín ou às Canárias. Ou que estão no teu bairro. Em todo o mundo”, escreveu a Cruz Vermelha Espanhola na sua conta de Twitter.
“#GraciasLuna por representares os melhores valores da nossa sociedade”, disse a ministra da Economia de Espanha, Nadia Calviño. Também Yolanda Díaz, ministra do Trabalho, se pronunciou: “Muito mais do que uma fotografia. Um símbolo de esperança e solidariedade”.
Luna Reyes desconhece o destino deste migrante, e teme que seja um dos mais de cinco mil adultos que foram expulsos de Ceuta, de volta para território marroquino. A estudante não mencionou, aos jornalistas, as mensagens de apoio recebidas, dizendo, apenas: “Eu só lhe dei um abraço. Abraçar alguém que pede ajuda é a coisa mais normal do mundo.”