in Jornal de Notícias
A directora-geral de Reinserção Social, Leonor Furtado, disse hoje, segunda-feira, que os jovens são violentos, utilizam armas de fogo e brancas, sendo o espaço escolar um local onde há "muita violência".
"Não se pode negar que os jovens são violentos e há muita violência no espaço escolar. Todos nós temos consciência disso", disse Leonor Furtado aos jornalistas, no final da assinatura de um protocolo entre a Direcção-Geral de Reinserção Social e o Gabinete para a Resolução Alternativa de Litígios.
A mesma responsável adiantou que há "uma evolução na prática" dos crimes praticados pelos jovens, que estão a utilizar armas brancas e de fogo, não só porque têm cada vez mais acesso a esse tipo de armas, como também "imitam o que vêem um adulto fazer".
"Se ela (jovem) nasce no seio de uma família que está habituada a bater, essa criança vai bater, se ela nasce no seio de uma família habituada a furtar, ela vai furtar", disse.
Leonor Furtado sublinhou que "efectivamente" os jovens recorrem a armas de fogo e brancas e utilizam-nas na escola.
"É preciso intervir precocemente, é preciso urgentemente que toda a agente tenha consciência que se um jovem maior de 12 anos agride outro comete um facto qualificado pela lei como crime", realçou.
A directora-geral de Reinserção Social sustentou, também, que a criminalidade juvenil não tem aumentado, existindo sim "uma visibilidade maior de actos praticados por jovens".
Esta visibilidade deve-se ao aumento das denúncias pelos professores, jovens vítimas e pais, além da comunicação social estar mais atenta.
Leonor Furtado adiantou que tem aumentado o número de jovens internados nos centros educativos devido "ao sucesso" destas instituições.
"À medida que vamos tendo êxito na intervenção que fazemos, os tribunais vão reconhecendo o êxito dessa intervenção e vão confiando e aplicando mais medidas. Portanto, há mais jovens com medidas aplicadas. Os próprios tribunais tem vindo a despachar mais processos e, portanto, a aplicar as medidas", justificou.
O protocolo de cooperação hoje, segunda-feira, assinado entre a Direcção-Geral de Reinserção Social e o Gabinete para a Resolução Alternativa de Litígios vai permitir a criação de um sistema de mediação juvenil para os jovens que praticam pequenos delitos.
Sempre que existir acordo entre as partes, este sistema evita que os jovens cheguem a tribunal, disse Leonor Furtado.
Por sua vez, o ministro da Justiça, Alberto Martins, considerou a mediação juvenil uma "solução alternativa de litígios que tem como objectivo a reinserção social com respeito pelas vítimas".
Alberto Martins adiantou que esta medida é "inovadora e exigente", sendo uma forma de recuperar os jovens.