Por Clara Viana, in Público on-line
Na Europa Ocidental a classe média portuguesa é a que se mostra mais preocupada com o futuro dos filhos e a sua capacidade de poder continuar a financiar a sua educação.
Os resultados do Barómetro Europeu do Observador Cetelem, hoje divulgados, mostram que no final de 2011 esta era a principal preocupação para 64% dos inquiridos portugueses desta classe, bastante acima dos 55% de média dos 12 países alvo do estudo.
Portugal só é ultrapassado nesta preocupação pela Roménia (71%) e empata com a Polónia, mas está à frente de todos no que respeita aos sacrifícios pessoais já feitos com o objectivo de não reduzir a despesas consagradas aos filhos: 81% dos inquiridos admitem que já o fizeram contra uma média de 70%. Polónia e Itália ocupam o segundo lugar com 79% de respostas positivas. O valor mais baixo foi registado na Eslováquia com 54% de respostas positivas.
Entre as despesas com os filhos que foram apontadas como prioritárias pelos portugueses destacam-se as que dizem respeito a garantir o seu conforto (91%), seguindo-se as com a educação (87%) e com material informático (57%).
Em média, nos países inquiridos, a principal preocupação das classes médias no que respeita ao futuro é a de “ter uma boa protecção na saúde”. Em Portugal está em segundo lugar, surgindo em terceiro a preocupação com a possibilidade de colocar dinheiro de lado para poupar. No top das preocupações pessoais os portugueses foram aliás, os únicos, a focar maioritariamente a importância da poupança.
Em média, os inquiridos dos 12 países elegeram como o seu terceiro principal motivo de preocupação o ser possível melhorar o seu nível de vida, um item que os inquiridos portugueses colocam em quarto lugar.
O estudo do Observatório Cetelem confirma que a classe média considera estar “em pleno processo de empobrecimento”, mas revela também que a crise dividiu “ as classes médias em duas categorias”. No leste da Europa acredita-se que “trabalhar mais permitirá enriquecer e satisfazer assim as suas necessidades de consumo”, enquanto no Ocidente a meta é a de manter o nível de vida actual, objectivo que constitui uma das principais preocupações actuais desta calce. No Ocidente acredita-se que este objectivo será alcançado sobretudo através da redução de despesas (70%) do que na probabilidade de os rendimentos virem a aumentar (43%), embora em Portugal esta segunda hipótese seja ainda acalentada por 63% dos inquiridos.
No final do ano passado, em média 52% dos inquiridos considerava que o seu nível de vida tinha já caído, uma percentagem que sobe para 69% em Portugal, que neste campo é só ultrapassado pela Hungria (83%).
Os inquéritos foram realizados entre Novembro e Dezembro de 2011 nos seguintes países: Alemanha, Espanha, França, Hungria, Itália, Polónia, Portugal, República checa, Roménia, Reino Unido, Rússia e Eslováquia. Segundo o Observatório Cetelem, foram inquiridos mais de 6500 europeus “a partir de amostras com, pelo menos, 500 indivíduos por país”. No estudo a classe média corresponde a 60% da população, “situando-se entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos”.