in Correio do Minho
Um grupo de investigadores da Universidade do Minho estima que a proposta do Governo em alterar a TSU (taxa social única) deve levar Portugal a perder mais de 30.000 empregos e a aumentar o peso do desemprego de longa duração, contrariando as estimativas do ministro Vítor Gaspar.
A investigação, publicada hoje, baseia-se em modelos empíricos e visa “contribuir para um debate informado da sociedade”, dizem os autores Luís Aguiar-Conraria, Fernando Alexandre, João Cerejeira e Pedro Portela, da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, que tiveram a parceria de Pedro Bação, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
“Do ponto de vista teórico, não é possível alcançar resultados claros sobre o impacto da proposta de alteração da TSU, pois depende dos pressupostos de partida. Assim, a análise tem que ser empírica. Os resultados indicam que as alterações dos descontos para a Segurança Social levam a que se perca cerca de 33.000 empregos. Por outro lado, na melhor das hipóteses o impacto sobre a criação de emprego seria de apenas 1000 empregos”, sustenta Luís Aguiar-Conraria. O estudo acrescenta que, na sequência das propostas apresentadas, é de esperar um aumento do peso do desemprego de longa duração no desemprego total.
Nos últimos anos vários países reduziram as contribuições das empresas para a Segurança Social com o objetivo de melhorar a competitividade externa das economias e estimular a criação de emprego. Nesta linha, o Governo português propôs uma descida da contribuição das empresas para a Segurança Social em 5.75%, ao mesmo tempo que subiu a contribuição dos trabalhadores em 7%, o que resulta num aumento de contribuições total de 1.25%. “A originalidade da proposta do Governo português resulta de ambos os encargos incidirem no mesmo fator, ou seja, procura-se reduzir os custos de trabalho aumentando globalmente os encargos sobre o trabalho”, refere Luís Aguiar-Conraria.