25.9.12

Associação alerta que crise pode aumentar procura de pílula nos centros de saúde

in Público on-line

A procura de pílulas gratuitas nos serviços de saúde deverá aumentar com as dificuldades financeiras decorrentes da crise, prevê a Associação para o Planeamento da Família, que alerta para a importância de não haver rupturas de stock.

Na véspera do Dia Mundial da Contracepção, que se assinala na quarta-feira, o director executivo da Associação para o Planeamento da Família (APF) constata que os portugueses têm menos capacidade para comprar, na farmácia, a contracepção, como antes acontecia.

“É muito importante que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) garanta que existem métodos contraceptivos disponíveis a quem precisar deles e que não haja falhas e rupturas de stock. Isto é tanto mais importante quanto as condicionantes da situação económica e social que o país vive torna mais nítida a procura da contracepção nos centros de saúde”, afirmou o director executivo da Associação, Duarte Vilar.

Para a APF é ainda importante reforçar os programas de informação sobre contracepção junto dos grupos que estão mais afastados dos serviços de saúde: como os jovens e as pessoas em situações de pobreza que se auto-excluem da protecção social. Também a interrupção voluntária da gravidez (IVG) deve ser aproveitada como “um momento para tentar corrigir um uso menos correcto da contracepção ou para evitar situações de risco”.

A APF mostra-se ainda preocupada com o eventual fim de projectos na área da educação sexual e contracepção que são desenvolvidos por organizações da sociedade civil: “O Ministério da Saúde informou que não vai abrir concursos este ano. A APF e outras organizações têm projectos a decorrer e, alguns, terminam no fim deste ano. Era muito importante que esses projectos não fossem descontinuados e que estas organizações tenham acesso a apoios financeiros”.

Os especialistas na área da contracepção apelam também a um reforço da utilização de outros métodos além da pílula, como o anel vaginal ou o adesivo. São, no essencial, métodos de duração mais prolongada e que podem ser úteis às mulheres que têm esquecimentos frequentes quando tomam a pílula, que é de toma diária.

Em Portugal, mais de 60% das mulheres escolhem como método contraceptivo a pílula, mas existem muitos outros que são menos conhecidos. Para a APF, os serviços de saúde deveriam dar mais informação sobre as vantagens destes métodos e torná-los disponíveis de forma gratuita.

Também a Sociedade Portuguesa de Contracepção sublinha a importância destes métodos “com pouca procura pela população portuguesa”, como afirmou à Lusa Teresa Bombas. Para esta responsável da Sociedade, na impossibilidade de os distribuir gratuitamente, deveria ser equacionada, pelo menos, a sua comparticipação estatal.