Texto Juliana Batista, in Fátima Missionária
Presidente da Cáritas Portuguesa defende uma maior intervenção da ação social da Igreja a nível paroquial, diocesano e nacional junto dos órgãos de decisão política. O responsável pela organização acredita que vai aumentar o número de famílias em situação de pobreza
No atual panorama de aumento de «exclusão social e de marginalidade», Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, alertou esta terça-feira, 18 de setembro, para o crescente empobrecimento de famílias que nunca pensaram vir a precisar de apoio social e para a «elevadíssima e crescente percentagem de jovens que se encontra bloqueada no acesso ao trabalho e à vida normal».
Num artigo de opinião publicado no semanário da agência Ecclesia, o responsável do organismo católico pediu também à Igreja que tente envolver mais os decisores políticos, sustentando que «é indispensável que a própria ação social da Igreja, nos níveis paroquial, diocesano e nacional, inclua também a intervenção junto dos órgãos de decisão política».
Para o presidente da Cáritas, «há muito tempo» que se tornou «evidente» que é «gravíssima a crise» em que os portugueses vivem e não existem motivos para admitir «que ela vai abrandar no curto prazo». «A conflituosidade familiar, social e política atingiram níveis tão preocupantes quanto desconhecidos» e o número de suicídios constitui, para a sociedade portuguesa, «um alerta permanente» que não pode ser descurado, sublinhou.
A conjuntura mundial, a globalização «avassaladora», o capitalismo «desregulado, a par das limitações das instâncias comunitárias (UE) e internacionais» constituem, segundo Eugénio Fonseca, um «cerco asfixiante» reforçado por «vários fatores internos» e que envolvem os portugueses. De acordo com o responsável máximo da Cáritas Portuguesa, os partidos políticos, quando estão na oposição, contestam «as medidas que tomariam se fossem governo». E adotam no governo «as que contestariam se fossem oposição».