por Lusa, texto publicado por Paula Mourato, in Diário de Notícias
A denúncia da quantidade de dinheiro gasta "sem controlo" numa política de combate ao consumo de drogas que "falhou estrondosamente", é um dos objetivos de uma conferência hoje da Associação de Cidadania "Ter Esperança é Fazer diferente".
A associação, presidida pelo juiz desembargador Rui Rangel, lembra que Portugal, em 2001, descriminalizou a aquisição, a posse e a aquisição para o consumo de toda e qualquer tipo de droga até 10 dias.
"Portugal transformou-se no mais liberal país do mundo em matéria de política de toxicodependência, embora de pronto criticada pela entidade independente que a avaliou (INA), ainda hoje se encontra em vigor", salienta este movimento de cidadania que já conta com 4.300 subscritores e que pede "inclusão urgente na agenda política" da discussão deste tema.
O movimento, que integra ainda o psicólogo clínico Carlos Fugas e o médico Manuel Pinto Coelho, entre outras figuras, alerta também que Portugal abriu as portas também a estabelecimentos de venda legais de outras substâncias psicoactivas, sintéticas, causadoras nos jovens "em número crescente, de crises de pânico e ansiedade, problemas cardíacos, surtos psicóticos, estados de coma e morte".
São vulgarmente conhecidas pelo nome de 'smartshops', precisa a associação, que reivindica uma nova política das drogas em Portugal.
A Associação de Cidadania "Ter Esperança é Fazer Diferente" defende que é necessário "fazer soar o alarme na sociedade portuguesa, soltar um grito de revolta e consciencializar as pessoas que não é uma inevitabilidade o uso de drogas e que uma vez escolhido o mau caminho a interrupção do seu consumo é possível".
A associação diz ainda pretender "combater a enorme capacidade que existe, devido a uma política governativa irresponsável e do 'faz de conta' que tem abandonado os jovens à sua sorte.
Outra das metas da iniciativa é ajudar a combater a falta de conhecimento das famílias portuguesas, com os esclarecimentos necessários neste domínio, bem como "denunciar, a quantidade de dinheiro que foi gasta, sem regras, sem princípios e sem controlo na defesa de uma política de combate ao consumo de drogas que falhou estrondosamente".
Rui Rangel vincou que "branquear comportamentos lesivos da vida humana não faz parte da cultura cívica" desta associação", enquanto Carlos Fugas adverte que o consumo de haxixe estar a aumentar entre os jovens, que proliferarem as smartshops e que está a verificar-se um "escandaloso tráfico de metadona e subutex".
O crescimento do consumo de álcool entre os jovens é outra das preocupações da associação, que exige um debate sobre este flagelo, considerando ainda ser necessário um "novo impulso que reverta a atual banalização do consumo das drogas em Portugal".