24.9.12

Portugal tem 600 mil voluntários

José Paulo Silva, in Correio do Minho

Cerca de 20 por cento da população portuguesa com idade superior a 16 anos realiza, de forma permanente ou pontual, acções de voluntariado. A informação foi revelada ontem, em Braga, por Rogério Roque Amaro, autor de um estudo de caracterização do voluntariado em Portugal.

De acordo com aquele especialista, convidado para intervir no Seminário de Dessiminação do Voluntariado, promovido pela delegação da Cruz Vermelha Portuguesa no âmbito da Capital Europeia da Juventude, a crise económica e social é um dos factores que favorece a opção pelo voluntariado, a par da valorização social, política e científica daquela prática.

Roque Amaro, que realizou o estudo sobre o voluntariado a pedido da comissão do Ano Europeu do Voluntariado 2011, referiu que, em 2008, a percentagem da população adulta envolvida em acções de voluntariado era de de 14 por cento. Segundo o estudo de caracterização realizado em 2011, são cerca de 600 mil os portugueses que exercem o voluntariado enquadrados nas mais diversas organizações. De acordo com aquele economista, “a crise dos últimos tempo”, nomeadamente o aumento do desemprego, tem contribuído para o incremento do voluntariado.
O aumento da procura de apoios sociais é acompanhado pelo aumento da oferta dos mesmos, constatou no seminário organizado pela Juventude da Cruz Vermelha de Gaia.

Tentação de substituir postos de trabalho
Elza Chambel, presidente do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, alertou, no mesmo seminário, que “o voluntariado não pode, sobretudo numa época de crise, substituir postos de trabalho”.

De acordo com a mulher que coordenou a equipa nacional do Ano Europeu do Voluntariado, esta “é uma tentação muito grande” que deve ser contrariada. Roque Amaro chamou a atenção para as “formas incorrectas de voluntariado empresarial”, afirmando que este deve ser sempre cumprido fora do horário de trabalho.