por Rosário Silva, in RR
A dificuldade em encontrar emprego vai levar muitos jovens, a curto prazo, a emigrar em busca de uma vida melhor. Preocupações registadas no final do IV Congresso Português de Demografia, que juntou 200 especialistas na área.
A presidente da Associação Portuguesa de Demografia alerta para o facto de que muitos jovens portugueses vão sair do país nos próximos anos, por falta de emprego.
Maria Filomena Mendes, também investigadora da Universidade de Évora, antevê a perda de um milhão de pessoas, em Portugal, nas próximas duas décadas, cenário que classifica de preocupante.
“Muito provavelmente, no curto prazo, nós vamos aumentar a emigração de jovens, porque os jovens não tem emprego e porque o emprego é cada vez mais precário. As pessoas para constituírem família, para saírem de casa dos pais ou para decidirem ter filhos, a estabilidade financeira é fundamental. Isso vai obviamente ter as suas implicações,” afirma.
Sai a população jovem activa, diminui o número de nascimentos em Portugal e o país também não consegue renovar-se, retendo os imigrantes. “Estamos a falar fundamentalmente de população jovem em idade activa e de nascimentos. Quem sai, em vez de ter os filhos em Portugal, vai tê-los noutros países, aumentando o número de nascimentos nesses países e diminuindo no nosso. Portanto, há uma redução por via da emigração (da saída), temos muito mais dificuldade em captar imigrantes e retê-los aqui e, por outro lado, isto tem influência na fecundidade e no número de nascimentos que vamos ter,” explica Maria Filomena Mendes.
As preocupações ficaram registadas no final do IV Congresso Português de Demografia que durante dois dias juntou duas centenas de especialistas na Universidade de Évora e onde os efeitos da crise na população portuguesa foi tema incontornável.