in Jornal de Notícias
Centenas de pensionistas e aposentados da Função Pública concentraram-se, esta quarta-feira, no Rossio, em Lisboa, em protesto contra o corte nas pensões do Estado, classificados pela Frente Comum de "aldrabice".
"Prevê-se uma jornada de resistência num primeiro momento de indignação e de luta aqui hoje no Rossio. Temos de afirmar que é uma mistificação o Governo dizer que quer convergência de pensões, porque isso é falso", disse a coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, Ana Avoila.
De acordo com a sindicalista, "uma grande parte do setor privado tem pensões e salários iguais ou superiores aos dos trabalhadores da função pública".
Nesse sentido, "é uma aldrabice e uma chantagem dizer que se não se cortar nas pensões terá de se pedir um segundo resgate", considerou Ana Avoila.
A coordenadora da estrutura sindical referiu ainda que a proposta de lei do Governo "está cheia de inconstitucionalidades, nomeadamente, a questão da retroatividade".
A Frente Comum vai, assim, enviar uma petição ao presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, para que este peça a fiscalização preventiva do diploma. Seguidamente, a estrutura sindical vai solicitar aos partidos a fiscalização sucessiva do diploma, segundo Ana Avoila.
"Se o Governo invocar o interesse público para avançar com os cortes nas pensões, à semelhança do que pretende fazer acerca do aumento do horário de trabalho, é outra aldrabice, uma falácia e uma hipocrisia", rematou a sindicalista.
Na resolução aprovada nesta concentração, na Praça do Rossio, para além da rejeição do corte nas pensões, a Frente Comum apela a todos os aposentados para que expressem "o descontentamento e oposição já no próximo dia 29 de setembro, nas eleições autárquicas".
Apesar de não estar previsto inicialmente, Ana Avoila propôs aos aposentados e pensionistas para que marchassem até ao Ministério das Finanças, em Lisboa.
Os manifestantes aceitaram o desafio e desfilaram até ao Terreiro do Paço para mostrarem ao Governo o descontentamento.