Por Ana Tomás, in iOnline
Registos policiais ilegais no sul da Suécia e declarações polémicas de ministro francês voltam a colocar a discriminação dos ciganos na agenda
A França e a Suécia têm estado na mira dos activistas dos direitos humanos por actos de discriminação contra os ciganos.
Esta semana a imprensa sueca revelou que a polícia do condado de Skane mantinha registos ilegais de cidadãos de etnia cigana. A base de dados das autoridades continha mais de quatro mil nomes. Entre os registos encontravam-se cerca de mil referentes a menores de idade e muitos de pessoas que nunca tinham cometido qualquer crime.
O Ministério da Justiça sueco ordenou a realização de um inquérito e a ministra sueca para a União Europeia, Birgitta Ohlsson, declarou que esses bancos de dados são antiéticos, injustos, inaceitáveis e ilegais, uma vez que a manutenção daquele tipo de registos viola várias leis, incluindo a Convenção Europeia dos Direitos Humanos.
A mesma convenção pode valer à França sanções aplicadas pela Comissão Europeia.
Em causa estão as declarações do ministro do Interior, Manuel Valls, nascido em Barcelona e naturalizado francês em 1982.
O governante declarou esta quarta-feira que a maioria dos ciganos provenientes de Bulgária e da Roménia devia “ser reconduzida à fronteira”, reforçando o que já havia dito ontem quando argumentou que o problema dos ciganos romenos e búlgaros não se resolve “unicamente com a inserção social” e que os seus modos de vida entram “em confronto” com o dos franceses.
Manuel Valls acrescentou que os projectos de integração social devem ser desenvolvidos nos seus países de origem.
As declarações já valeram, contudo, o aviso de Bruxelas, que através do porta-voz da Comissão, Olivier Bailly, lembrou que “a livre circulação, como a liberdade de residir num outro país, são direitos fundamentais” e que se esses princípios não forem respeitados pelos estados-membros, “a Comissão utilizará todos os meios à sua disposição para sancionar essas violações”.