por Rui Peres Jorge, in Negócios on-line
Economista-chefe da OCDE diz que há mais a fazer nas políticas de mercado de trabalho, nomeadamente no apoio aos jovens e nos mecanismos de colocação.
O economista-chefe da OCDE, um “think tank” público internacional, não espera melhorias significativas no mercado de trabalho português sem uma recuperação visível da procura, o que não se espera que aconteça nos tempos mais próximos. Pier Carlo Padoan sublinha, no entanto, que há sinais positivos na frente macroeconómica, e defende a importância de continuar com as reformas que flexibilizem o funcionamento do mercado de trabalho em Portugal.
“Sobre o mercado de trabalho, não nos iludamos, o desemprego só baixará de forma sustentável à medida que a situação da procura melhore”, afirmou esta terça-feira de manhã numa conferência proferida no Banco de Portugal, sublinhando a importância das “condições macroeconómicas para as reformas estruturais terem resultados”.
Padoan mostrou-se confiante no caminho que tem vindo a ser seguido pelo Governo português, mas recusou-se a fazer comentários específicos sobre a política orçamental adequada para os próximos tempos perante uma taxa de desemprego que se aproxima dos 18%. Ainda assim, o responsável da OCDE considera que em termos gerais a estratégia que vem sendo seguida é para continuar.
Portugal pode fazer mais na colocação e no apoio aos jovens
“No que ao mercado de trabalho diz respeito, Portugal já fez muitas reformas, mas mais precisa de ser feito”, afirmou aos jornalistas, à margem do seminário onde analisou a situação financeira internacional. O responsável da OCDE sublinhou a importância de melhorar o apoio aos “mais novos, nomeadamente os que não estão empregados nem a estudar, que são os mais vulneráveis”, analisou.
A dualidade do mercado de trabalho, que tem castigado mais os jovens, poderá por exemplo ser contrariada através da criação de mecanismos que, à medida que a economia recupera, facilitem a transformação de contratos a prazo – mais comuns em fases recessivas do ciclo económico - em contratos sem termo, defendeu.
A OCDE considera ainda que há espaço para melhorar a “função de intermediação” entre procura e oferta no mercado de trabalho português, isto é, o casamento entre as necessidades e qualificações dos desempregos e as necessidades das empresas. Este é um trabalho que, pelo lado do Estado, é feito essencialmente pelo IEFP. O responsável confirmou que estes temas estarão em análise nas relações entre a OCDE e o governo português.
O responsável da OCDE estará durante a tarde no Parlamento para apresentar e debater com os deputados o relatório da instituição sobre a reforma do Estado em Portugal publicado antes do Verão.