por Patrícia Jesus, in Diário de Notícias
Em dois anos emigraram 8295 pessoas com mais de 65 anos, de forma permanente ou temporária, segundo as estimativas do INE. A maioria sai para acompanhar os filhos ou ir ter com eles. O cantor Fernando Tordo saiu para trabalhar.
"Ontem, o meu pai foi-se embora. Não vem e já volta; emigrou para o Recife e deixou este país." Começa assim a carta de despedida que o escritor João Tordo publicou ontem no seu blogue, uma carta ao pai, o cantor Fernando Tordo, que aos 65 anos emigrou para o Brasil. Mais um testemunho e mais um rosto, este bastante conhecido, da forte emigração dos últimos anos, com números superiores aos dos anos 60 do século passado. Em dois anos emigraram 8295 pessoas com mais de 65 anos.
De forma permanente (cerca de 500 por ano) ou temporária (mais de três mil por ano), milhares de pessoas que já passaram a idade de reforma deixaram o País. É um fenómeno relativamente raro e portanto pouco estudado. Nos mesmos dois anos saiu um total de 222 mil pessoas, segundo as estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE), relativas a 2011 e 2012, o que significa que menos de 4% podiam ser considerados idosos. Não há registos de saídas dos mais velhos nos anos anteriores.