por Patrícia Jesus, in Diário de Notícias
Jorge Sampaio considera que a "densa rede" de instituições particulares de solidariedade social existente no País está a ajudar a evitar uma "crise humanitária interna".
Na sessão de abertura do Fórum Nacional de Redes da Sociedade Civil, realizada hoje em Lisboa, o antigo Presidente da República salientou que a sociedade civil portuguesa, "à partida enfraquecida por uma baixa taxa de participação", mostrou ter uma "notável resiliência" face à crise.
Jorge Sampaio disse ainda que "se não fosse a densa rede de IPSS" existente no País "estaríamos a braços com uma crise humanitária interna", resultado da crise económica e financeira.
Para Sampaio, o terceiro sector tem margem de manobra para testar soluções e atacar questões que ainda não chegaram à agenda pública e também para marcar essa agenda, influenciando as decisões e políticas públicas. "A qualidade da democracia depende em muito da pujança e vigor da sociedade civil", alertou.
O investigador Tiago Fernandes, da Universidade Nova de Lisboa, defendeu que, apesar dos problemas e da pouca participação, Portugal desenvolveu uma sociedade civil "surpreendente robusta" nos últimos 40 anos de democracia.
Desde meados da década passada, todos os anos surgem cerca de 2300 novas associações. No total existem mais de 61 mil organizações da sociedade civil registadas em Portugal, o que dá conta de um movimento forte, um "boom associativo", defendeu.
No entanto, apesar de o número de associações estar a crescer, a participação tem diminuído, sobretudo nos partidos e nos sindicatos, "sinais preocupantes" a que se deve estar atento, alertou Tiago Fernandes.