Por Margarida Bon de Sousa, in iOnline
Analista da agência de rating desvaloriza saída da troika, enquanto grupo nacional sugere exportações agressivas e capital estrangeiro
Saída limpa ou programa cautelar. Os debates continuam intensos em Portugal, mas uma analista da Moody's veio ontem dizer que o fim do programa de ajustamento não altera em nada uma realidade que os portugueses conhecem bem desde 2011. A austeridade vai continuar muitos, muitos anos, e não é importante saber como é que Portugal vai sair do programa de ajustamento que acaba a 17 de Maio.
Também em Lisboa, um grupo de personalidades defendeu ontem que são precisas exportações mais agressivas e capacidade de atrair investimento estrangeiro para bens transaccionáveis para Portugal crescer de forma sustentável. Estas são algumas das soluções apontadas pela missão Crescimento, um think tank que reúne várias personalidades da sociedade civil, entre as quais Luís Filipe Pereira, Esmeralda Dourado, Rui Martinho, Rui Moreira. Jorge Marrão, João Marrão e Adriano Pimpão, no seu primeiro boletim trimestral sobre a atractividade na competição global pelo capital. Os seus promotores defendem uma estratégia de crescimento que passe pela capacidade de atrair a atenção dos agentes que operam na economia global no sentido de investirem em futuras exportações nacionais e a integração, através de IDT, de sectores de actividade económica em cadeias de produção globais. Em matéria de políticas públicas, o grupo preconiza a reformulação dos sistemas e políticas do Estado através de critérios de viabilidade e sustentabilidade, bem como a capacidade de ajustamento à evolução nos critérios de utilização da moeda comum. Outra das ideias defendidas é a valorização dos activos empresariais e dos recursos humanos e naturais como padrão de crescimento nacional, juntamente com a promoção de uma cultura de competitividade e produtividade.
Moody's põe água na fervura A divulgação destas metas pela missão Crescimento coincidiu com uma conferência de imprensa dada por Kathrin Muehlbronner, analista da dívida soberana para a zona euro da Moody's, em Lisboa, que defendeu que as perspectivas de crescimento para Portugal ainda são uma preocupação, apesar de o país estar a fazer "muito em termos de reformas estruturais". A empresa alerta que "a consolidação orçamental tem de continuar por muitos e muitos anos".
Kathrin Muehlbronner referiu que "as perspectivas de redução do rácio da dívida e as perspectivas do crescimento continuam a ser uma preocupação vistas de fora. "Ainda estamos preocupados - na zona euro, mas também em Portugal - com as perspectivas de crescimento. Os rácios da dívida subiram dramaticamente na Irlanda, em Portugal e em Espanha", disse a analista, acrescentando que a estabilização prevista para os próximos anos "assenta claramente na perspectiva de um crescimento positivo (ainda que não excessivamente optimista) e de uma consolidação orçamental continuada".
Kathrin Muehlbronner considera que "Portugal tem feito muito em termos de reformas estruturais", mas adverte que, tal como o Fundo Monetário Internacional (FMI) já disse, " ainda há muito a fazer".