A DGS refere ainda que “é permitida a utilização de ventilação mecânica de ar (sistema AVAC) por forma a garantir o conforto térmico” dos alunos.
O arejamento das salas de aula pode ser “realizado de forma natural durante os intervalos” durante estes dias mais frios, informaram o Ministério da Educação e a Direcção-Geral da Saúde (DGS) num comunicado enviado às redacções nesta sexta-feira. Assim, é garantida a renovação e ventilação do ar interior sem ser precisa a circulação de ar frio enquanto os alunos estão na sala de aula.
Face às baixas temperaturas que se fazem sentir há já alguns dias, encarregados de educação têm alertado para o frio que crianças e professores têm passado nas escolas, dificultando a concentração e a capacidade para aprender e ensinar, dada a necessidade de ter janelas e portas abertas para garantir uma maior circulação e renovação do ar — tentando que o vírus não se propague.
Ainda na quinta-feira, uma mãe de um aluno de uma escola de São João da Madeira relatava ao PÚBLICO que, além do frio sentido nas salas de aula, alguns professores não permitem que as crianças estejam nas salas de aula com gorro e luvas. “É desumano”, queixava-se a encarregada de educação.
Numa orientação enviada em Julho, a DGS recomendava os profissionais da escola a manter “as janelas e portas abertas, de modo a permitir uma melhor circulação do ar” – isto “sempre que possível, e que tal não comprometa a segurança das crianças e dos alunos”. É essa recomendação que a DGS vem agora clarificar: reservar o arejamento das salas, nestes dias mais frios, para os períodos de intervalo, poupando assim professores e estudantes ao frio.
Todos os Invernos, sucedem-se episódios de alunos que têm de levar mantas ou irem mais encasacados para a escola, por esta ter instalações muito antigas, sem condições térmicas, ou então equipamentos de aquecimento avariados ou falta de verba para assegurar o seu funcionamento. Este ano, com as recomendações de que se devem manter janelas e portas abertas para permitir uma melhor ventilação das salas de aula, a sensação de frio tende a agravar-se, o que tem motivado críticas de pais e professores.
Ouvido pelo PÚBLICO na quarta-feira, o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), Jorge Ascenção, apelava ao “bom senso” na aplicação das normas e orientações. “Quero acreditar que ninguém está a obrigar os alunos e os professores a estarem dentro de uma sala com a porta e janelas abertas quando está frio”, notava o responsável, sugerindo que se fizessem mais intervalos para arejar as salas.
Ao contrário das reservas colocadas no início da pandemia à utilização destes equipamentos de ventilação (uma vez que alguns não permitem a renovação do ar), a DGS esclarece que “é permitida a utilização de ventilação mecânica de ar (sistema AVAC) por forma a garantir o conforto térmico, apesar de o arejamento (renovação do ar) dos espaços dever ser feito preferencialmente com ventilação natural”. “Estes sistemas devem ser utilizados em segurança, garantindo a limpeza e manutenção adequada, de acordo com as recomendações do fabricante, e a renovação do ar dos espaços fechados”, aconselha a DGS.
As baixas temperaturas vão manter-se nos próximos dias devido a uma massa de ar frio que vem do interior da Europa e que afecta Portugal continental. Esta sexta-feira deverá notar-se “uma pequena descida dos valores da temperatura máxima, principalmente na região Sul”. No fim-de-semana, os valores da temperatura mínima e máxims não deverão sofrer “grandes alterações”, segundo explicou ao PÚBLICO Patrícia Gomes, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Segundo as previsões divulgadas no site do IPMA, a temperatura mínima deverá rondar os -5ºC em Bragança e os 6ºC em Faro esta sexta-feira. Já as máximas vão variar entre os zero graus na Guarda e os dez graus em Braga, Porto, Aveiro, Lisboa e Faro.