Susana Pinheiro, Braga, in Diário de Notícias
Roteiro para a Inclusão. No dia em que completou três anos de mandato, Cavaco Silva visitou o Vale do Cávado, onde os indicadores sociais são dos mais graves do País. O roteiro do Presidente da República passou ainda por Braga e terminou no Porto com uma visita a duas instituições "exemplares"
"Ao fim de três anos, posso estar um pouco preocupado e triste pela situação que o País atravessa. Mas continuo muito determinado em falar com os portugueses e conhecer as preocupações daqueles que estão em dificuldade tal como estimular os que têm sucesso." Foi desta forma que o Presidente da República, Cavaco Silva, arrancou ontem, em Barcelos o Roteiro para a Inclusão, dedicado ao tema do desemprego e novos riscos de pobreza.
"A minha determinação em ajudar os portugueses não vai diminuir", garantiu o Presidente da República durante uma visita ao Banco Alimentar Contra a Fome de Braga. Cavaco assegurou que fará "todos os possíveis" e o que "tiver ao alcance para garantir a estabilidade política". E afirmou que não muda de opinião "quanto àquilo que dizia quando era primeiro-ministro".
No Porto, ao final da tarde, depois da visita a dois "bons exemplos" no combate à exclusão, o Presidente da República lembrou que alguns temas de anteriores roteiros - como foi o caso de "envelhecimento e despovoamento", "maus tratos a crianças" ou "violência doméstica" - tiveram depois "grande" destaque na opinião pública. "Portugal não está condenado a uma situação de subdesenvolvimento", sublinhou.
Neste momento, na sequência da crise financeira mundial, o que mais o "preocupa" é o aumento do desemprego e as situações de pobreza que a ele estão associadas. Por isso, Cavaco Silva quis "começar por conhecer a situação nas regiões mais atingidas do País: o Vale do Cávado", onde ficou a par de "indicadores sociais de alguma gravidade", durante a reunião, na Câmara Municipal de Barcelos, com sindicalistas.
À saída, o Presidente da República dirigiu-se aos cerca de 50 desempregados que se manifestavam contra o despedimento "ilegal" nas empresas TOR e Carfer. "Não vim dizer que tenho alguma solução. Só posso trazer palavras de solidariedade. Isso é pouco, mas não tenho mais para vos dar", disse-lhes. Mesmo assim, Cavaco apelou ao "diálogo aberto e franco entre empresários e trabalhadores, tentando encontrar soluções que evitem o encerramento". Ao que uma das manifestantes pediu: "Olhe pela classe operária, está a viver uma situação traumatizante. Estas empresas devem ser investigadas."Por tudo isto, Cavaco Silva defendeu depois, em Braga, a criação de um observatório regional para o emprego e a competitividade das empresas, com a participação de parceiros sociais, à semelhança do que foi constituído, nos anos 90, aquando da crise do Vale do Ave.
Antes disso, visitou a empresa têxtil SILSA, em Barcelos, que apontou como sendo um exemplo que deve ser seguido por outras empresas.
No Bairro da Pasteleira, Porto, Cavaco teve uma recepção que o deixou "emocionado". Centenas de crianças com bandeirinhas e utentes dos centros de dia da Ordem Diocesana recebiam em festa o Presidente. Os centros da Ordem, instalados em bairros camarários, são um "bom exemplo" de inclusão, a que o Chefe de Estado quis dar visibilidade. O "tão grande número de crianças" e "a alegria com que os idosos se exprimem", referiu Cavaco, "era qualquer coisa que eu não conhecia".|
Com FRANCISCO MANGAS


