5.3.09

Estudo revela crimes que mais assustam portugueses

VALENTINA MARCELINO, Diário de Notícias


Inquérito. Mais de um ano depois de ter sido prometido pelo ministro da Administração Interna, Rui Pereira, está na fase final o primeiro inquérito nacional à vitimação e ao sentimento de insegurança dos portugueses. O projecto vai permitir que as 'cifras negras' do crime seja finalmente conhecidas

Inquérito estará concluído dentro de um mês

Vai ser uma espécie de 'prova dos nove' para as estatísticas oficiais. Apesar de ter sido o próprio ministro da Administração Interna, Rui Pereira, a pedir este inquérito, os resultados podem vir a pôr em causa os números que vão ser apresentados ainda este mês, pelo Governo, no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI).

O designado Inquérito Nacional de Vitimação, anunciado há um ano por Rui Pereira, como uma das medidas da Estratégia de Segurança Interna para 2008, "vai estar concluído dentro de cerca de um mês", de acordo com o coordenador do projecto, Paulo Pereira de Almeida, professor do ISCTE e perito em políticas de segurança (ver entrevista ao lado).

Os objectivos essenciais são "perceber a relação entre a criminalidade real ('cifras negras' e a criminalidade participada, a que consta do RASI) e as principais questões que preocupam os cidadãos em matéria de segurança". Por outro lado, será feito um 'zoom', à escala concelhia, do sentimento de insegurança da população.

As mais de oito mil pessoas questionadas - uma amostra de uma dimensão sem precedentes neste tipo de estudo - vão responder a perguntas sobre experiências de crimes que tiveram no último ano. Será apurado qual o tipo de crime de que foram vítimas, em que local, se foram utilizadas armas, o perfil do agressor ou agressores e como reagiu.

Pretende-se também saber se o crime foi participado à polícia e o motivo da decisão. Pede-se ainda aos inquiridos para que escolham, entre várias medidas, as que considera mais importantes, para melhorar a segurança na sua região, por um lado e, no País, por outro.

No documento de apresentação do estudo, a que o DN teve acesso, é admitido que "há uma disparidade entre os dados estatísticos oriundos de fontes oficiais e credíveis, como o RASI, e o número de notícias e destaque dado pelos 'media' sobre os temas relativos à segurança e à criminalidade".

No mesmo documento reconhece-se que "existe uma aparente contradição entre a colocação de Portugal como um dos países mais seguros do mundo e o temor pela insegurança manifestado por entrevistados portugueses em alguns estudos de opinião e em sondagens".

A última sondagem conhecida sobre estas matérias foi feita pelo OSCOT (Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo), mas com um universo de apenas 1000 inquiridos. Publicado em Outubro passado, apontava para um aumento do sentimento de insegurança .