3.3.09

Mais regulação no sistema financeiro

Ana Paula Lima, in Jornal de Notícias

Propostas dos estados ibero-americanos a apresentar aos países do G20


A transparência do sistema financeiro é uma das principais preocupações dos países ibero-americanos. Defendem que se está perante uma crise mundial que se aproxima rapidamente do nível de colapso de 1929.

No final da reunião extraordinária dos ministros ibero-americanosdas Finanças, que terminou ontem, no Porto, o ministro português salientou a necessidade de encontrar "medidas globais e coordenadas" para a crise, e apontou como principais linhas de orientação, no imediato, "a oposição a reacções proteccionistas e o reforço de medidas de apoio ao comércio internacional". Teixeira dos Santos adiantou, ainda, que é preciso encontrar formas de ajudar "grupos socialmente mais desfavorecidos e promover o emprego".

O secretário-geral da Conferência Ibero-Americana, Enrique Iglesias, adiantou que a economia da América Latina ainda "vai crescer este ano", mas acrescentou que a crise é global e que está "perto do nível da crise da grande depressão".

Entre as medidas que este grupo de países pretende apresentar ao G20 (grupo das 20 economias mais fortes do mundo) está a "reforma do sistema financeiro internacional", para que este se torne "mais transparente". O ministro português das Finanças lembrou que é por causa do sistema financeiro que a crise se instalou e se propagou a todo o mundo, em parte, devido a falhas na supervisão e regulação financeira que urge corrigir.

Os ministros das Finanças de Espanha, Portugal e dos países da América Latina apoiaram, ainda, o "reforço dos recursos financeiros das instituições financeiras internacionais", como o Fundo Monetário Internacional", que corre o risco de não ter fundos para apoiar os todos os países.

Na sua intervenção, o representante do FMI, Nicolas Eyzaguirre, admitiu que o organismo vai rever em baixa, "provavelmente para território negativo", as previsões de crescimento para a economia mundial. Segundo este responsável, no último trimestre de 2008 o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) já foi negativo em muitos países e os primeiros indicadores do primeiro trimestre de 2009 são "todos piores do que o esperado há pouco tempo atrás".

Na visão de Teixeira dos Santos, a previsão do FMI de ter de proceder a uma nova revisão em baixa da evolução da economia, mostra "que não é só Portugal que tem dificuldades em fazer previsões".