9.3.09

Vales do Ave e Cávado precisam de observatório para acompanhar emprego e fomentar competitividade

in RTP

O Presidente da República, Cavaco Silva, defendeu hoje em Braga a necessidade de se manter a estabilidade política e propôs um observatório para a economia minhota que ponha em diálogo os trabalhadores e os empresários.

"Lembrei-me, hoje, daquilo que foi a crise do começo dos anos 90 no Vale do Ave, quando foi criado um observatório regional para o emprego e para a competitividade das empresas", afirmou.

Na opinião de Cavaco Silva, "talvez valesse a pena criar, agora, esse observatório, com sindicatos, autarquias, empresários e poderes públicos, para acompanhar a situação, principalmente a do desemprego, e para fomentar a convergência de interesses, e o diálogo entre todos os interessados",

O Presidente falava no final da visita que hoje efectuou ao Distrito de Braga, onde manteve contactos com sindicatos e empresários e visitou o Banco Alimentar contra a Fome de Braga.

A deslocação inseriu-se no Roteiro para a Inclusão que vem realizando desde o começo do mandato.

A proposta de criação de um observatório regional havia sido feita pela União de Sindicatos durante uma reunião com Cavaco Silva realizada ao começo da manhã em Barcelos.

Cavaco Silva disse não ter ficado surpreendido com a actual crise económica internacional, anunciando que, em breve, lançará uns textos sobre o assunto.

Questionado pelos jornalistas sobre o que espera dos próximos actos eleitorais, o Chefe de Estado escusou-se a comentar o que disse ser uma questão "das forças partidárias" mas vincou que não mudou de opinião sobre a necessidade de Portugal "manter a estabilidade política".

"Farei todos os possíveis para garantir aquilo que for bom para Portugal e isso passa pela estabilidade politica", acentuou, frisando que, em termos eleitorais, são os portugueses a decidir".

Fez "um apelo à consciência social dos portugueses", para que seja possível enfrentar a pobreza, derivada do desemprego, do endividamento excessivo e do enfraquecimento familiar.

Disse, a propósito dos três anos de mandato presidencial que agora completa, estar preocupado e até um pouco triste com a situação que o País atravessa mas garantiu que se vai manter no mesmo rumo, o de "tentar dar confiança aos portugueses".

"Procuro ser solidário com os que precisam e estimular aqueles que chegam ao sucesso", afirmou, dizendo que a proximidade com os cidadãos é uma das orientações fundamentais do seu mandato.

Sobre um possível aumento da criminalidade, referiu que mantém toda a confiança nas forças de segurança portuguesas mas admitiu que tal agravamento possa acontecer, devido a situações associadas a pobreza, desemprego, regresso de emigrantes a Portugal ou mesmo pela entrada de imigrantes.

Em matéria económica, insistiu no "estímulo aos empresários para que se abram ao diálogo com os trabalhadores e aos sindicatos para evitar o encerramento de empresas".

Sobre a necessidade de maior fiscalização em empresas que despedem funcionários, Cavaco Silva frisou que lhe foi dito por sindicatos e empresários que "embora haja alguns casos em que a lei não é cumprida, esses são casos excepcionais".

"O mais preocupante é que haja empresas em grande dificuldade que trabalham para exportação", afirmou, assinalando que com diálogo haverá boas perspectivas de futuro.

No capítulo da emergência social - a segunda vertente do Roteiro - disse que lhe foram relatados casos de pessoas que não descontaram para a Segurança Social e do aparecimento de novos pobres, ou de pobreza envergonhada".

"Foram aqui feitas inúmeras propostas e indicações que o secretário de Estado do Emprego, que me acompanha, levará concerteza ao Governo", afirmou.

Sobre a possibilidade de congelamento dos salários em 2009, o Presidente disse não querer tomar posição porque as empresas "são diferentes umas das outras".