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O número de pessoas com mais de 80 anos vai duplicar até 2050, subindo para 9,1% da população nos países da OCDE e para 11,3% na União Europeia, refere um relatório da OCDE e da Comissão Europeia.
O relatório conjunto "A Good Life in Old Age" da OCDE (Organização da Cooperação e Desenvolvimento Económico) e da Comissão Europeia foi divulgado hoje em Paris e precisa que actualmente o número de pessoas com mais de 80 anos representa 3,9% da população nos países da organização e 4,7% nos 27 Estados da União Europeia (UE).
Além de prever que metade do número de pessoas com mais de 80 anos em 2050 vai precisar de ajuda diária, o relatório sublinha que o Estado já tem dificuldades em apoiar apropriadamente idosos com reduzidas capacidades físicas ou mentais.
O relatório "A Good Life in Old Age" defende que “são necessárias importantes reformas para melhorar os serviços de cuidados de apoio aos idosos fragilizados e para os proteger contra níveis de cuidados insuficientes”.
Actualmente, numerosos países da OCDE e da UE já adoptaram legislação que impõe critérios mínimos para o funcionamento de lares, mas apenas em termos de condições de vida e de dotação de pessoal.
Este tipo de abordagem de níveis mínimos de qualidade não é suficiente, referem os autores do estudo, defendendo que é necessário validar os resultados, a segurança, a eficácia e a opinião dos pacientes antes de conceder licenças aos lares, como é o caso na Alemanha, Austrália, Estados Unidos e Holanda.
Também é conveniente duplicar os esforços para aumentar o nível dos cuidados ao domicílio e nas estruturas de acolhimento com serviços, onde a qualidade nem sequer é avaliada, obrigatória nem normalizada na maioria dos países, quando 70% dos idosos dependentes recebem cuidados em casa.
Se os Estados querem responder à procura futura de cuidados de melhor qualidade e de escolha dos pacientes devem fazer com que as informações necessárias da qualidade dos cuidados de longa duração sejam acessíveis ao público.
A Alemanha, Austrália, Canadá, Finlândia, Irlanda e Reino Unido e outros países já permitem aos utilizadores a comparação da qualidade das diferentes estruturas de cuidados.
A maioria dos países dotou-se de leis que tentam impedir abusos, designadamente através da difusão pública de casos específicos, da criação de mecanismos para apresentar queixas ou da introdução de mediadores encarregados de tratar os problemas.
Contudo, adianta o relatório, são muito poucos os Estados que procuram sistematicamente saber se os serviços de cuidados de longa duração são seguros, eficazes ou se respondem às necessidades dos pacientes.
Assim, apenas um terço dos países da OCDE recolhe estatísticas sobre as quedas e as fraturas que ocorrem, as quais representam uma importante percentagem nas causas de morte dos idosos.
Alguns países, como os Estados Unidos, a Finlândia, a Islândia e a Holanda, avaliam a depressão nos idosos dependentes.
Outros países como a Portugal, Alemanha, Coreia do Sul, Holanda e Reino Unido, acabam de começar a avaliar serviços de cuidados de longa duração.
Fracos níveis de cuidados, frequentemente resultantes de uma falta de comunicação entre os hospitais, os médicos e as estruturas de cuidados, podem provocar hospitalizações inúteis, defende o relatório.
Os dados da OCDE das hospitalizações evitáveis de pessoas com mais de 80 anos devido a doenças crónicas evidenciam o nível medíocre dos cuidados no conjunto dos países.
O estudo exemplifica que as taxas de hospitalização evitáveis devido à asma variam de 20 por 100 mil habitantes na Alemanha, a 254 na Letónia, a 450 na Finlândia e 650 na Coreia do Sul.
As variações são similares para os idosos com diabetes não controlada ou broncopneumonia obstrutiva, refere.
O relatório “A Good Life in Old Age” foi realizado por especialistas da OCDE, da Áustria, do Canadá, dos Estados Unidos, da Holanda e do Reino Unido.
Lusa/SOL