Ivete Carneiro, in Jornal de Notícias
Há manchas que se nos agarram para toda a vida. As de Ana (nome fictício) são, por vezes, visíveis por terceiros. Mas, para ela, estão-lhe todos os dias à frente dos olhos, no espelho que lhe reflete a pálpebra trémula. Na bolsa onde se misturam blisters de ansiolíticos e antidepressivos. No sorriso do filho quando o entrega ao ex-marido. Na memória da infância que a vida a obriga a relembrar, todas as noites, quando puxa o lençol sobre uma alma derreada, no colchão que estende no chão da sala do pai, que foi o primeiro abater-lhe. É o que lhe resta.
[leia aqui a reportagem na íntegra]