25.10.13

Cáritas da raia luso-espanhola unem-se para combater pobreza e desemprego

in RTP

Três cáritas diocesanas portuguesas e quatro espanholas, localizadas na zona da raia, uniram-se contra a pobreza e exclusão social, criando uma plataforma informática com ofertas de emprego e apoios complementares para os mais necessitados.

"Temos a esperança de poder contribuir para a diminuição do desemprego, muito elevado nos dois lados da fronteira", devido à crise, disse hoje à agência Lusa o presidente da Cáritas Diocesana de Évora, Luís Rodrigues.

O projeto transfronteiriço Rede de Apoio Mútuo de Cáritas Diocesanas da Raia foi hoje apresentado em Évora, sendo também divulgada a plataforma informática criada no âmbito da parceria (www.caritasempregonaraia.org). A cooperação junta sete cáritas diocesanas, três portuguesas (Beja, Évora e Portalegre-Castelo Branco) e quatro espanholas (Ciudad Rodrigo, Coria-Cáceres, Mérida-Badajoz e Salamanca).

O trabalho, explicou à Lusa Luís Rodrigues, começou "há cerca de dois anos", com encontros para troca de experiências, e originou uma candidatura a fundos comunitários para desenvolver ações no terreno.

"Apercebemo-nos que, ao nível social, um dos problemas graves que tínhamos em comum era o do desemprego, que leva às situações de pobreza que conhecemos e que têm vindo a aumentar, com a crise", o que explica que haja "cada vez mais famílias a procurar o apoio da cáritas", realçou.

O projeto incluiu, antes da criação desta plataforma informática de apoio concreto, um estudo sócio laboral junto das pessoas ajudadas por estas sete organizações.

"O estudo serviu para identificar situações de carência, conhecer a situação socioeconómica das pessoas e as suas possibilidades de mobilidade", referiu.

O envelhecimento, a falta de formação profissional e a existência de níveis elevados de desemprego entre jovens e mulheres foram "alguns dos problemas" detetados.

Com a plataforma online, os membros da rede de apoio pretendem, "a curto prazo, encontrar soluções de emprego" para carenciados ou "ajudar as estruturas nacionais" nesse mesmo âmbito.

"Às vezes, os serviços oficiais de emprego dizem que têm pedidos de emprego e que as pessoas não aparecem. Dá a impressão que as pessoas ou não querem trabalhar, o que seria caricato, ou então não estão devidamente informadas sobre essas ofertas", argumentou.

Através da página na Internet, os centros de atendimento das sete cáritas da raia luso-espanhola vão disponibilizar "ofertas de trabalho de empresas locais", incluindo as publicitadas pelos serviços oficiais de emprego, fazendo-as chegar "às pessoas que procuram" as organizações e "podem estar interessadas".

"Para ajudar quem nos pede ajuda, podemos consultar o sistema informático, ver onde há empregos e encaminhar as pessoas que estejam interessadas", exemplificou Luís Rodrigues.

A juntar a isto, disse, a plataforma oferece dados complementares, como "os apoios, em termos de alojamento ou alimentação, que pode ter nesse local, para que as pessoas possam mudar-se com segurança com as suas famílias".

"É uma tentativa para não darmos uma mera ajuda monetária ou material, no campo do assistencialismo, mas irmos criando condições para ajudar na procura de emprego", justificou o responsável.