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Estigmatização das comunidades Roma como criminosas é “perturbante e perigosa”, avisa Rita Izsák, especialista independente da ONU em minorias.
“O caso da jovem menina loira chamada Maria, encontrada a viver num acampamento Roma, na Grécia, motivou uma onda de reportagens anti-Roma, as quais fizeram as primeiras páginas de jornais em todo o mundo. Foram emitidas acusações enganadoras sobre como Maria foi roubada e abusada, mesmo antes de poder ter sido conduzida uma investigação meticulosa”, sublinha a especialista da organização para os Direitos Humanos, em comunicado.
“Se as investigações vierem a concluir que Maria foi raptada por estes Roma com quem viveu, então estes indivíduos certamente devem enfrentar a justiça e ser julgados à luz da lei. No entanto, há demasiada gente a acreditar em estereótipos de que todos os Roma são criminosos por natureza”, alerta Rita Izsák, acrescentando que a recente cobertura ameaça provocar uma reacção “ainda mais tumultuosa contra as comunidades Roma acusadas de raptar crianças e que já estão sendo sujeitas a ódios. Em vários países, famílias desesperadas com casos de crianças desaparecidas estão agora a pedir à polícia que investigue acampamentos Roma para encontrar os seus entes queridos”.
Por outro lado, denuncia a especialista, “as famílias Roma vêem os seus próprios filhos ser levados com base em noções simplistas fundamentadas na cor dos olhos e do cabelo de um cidadão Roma”.
“Existem provas de atitudes inapropriadas e tendenciosas do ponto de vista étnico”, garante, dando como exemplo o caso verificado na Irlanda, onde “duas crianças loiras Roma foram levadas dos seus pais e entregues apenas após testes ao ADN terem comprovado que eram, de facto, seus filhos”.
“Neste momento de crise económica e de desilusão, a última coisa de que necessitamos é de promover um bode expiatório sobre aqueles que já são marginalizados”, conclui.
A população Roma ronda os 12 milhões de pessoas na Europa.