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O padre Jardim Moreira disse que há uma “inversão de estratégias e de orientações”, o que está a provocar uma sociedade mais pobre, investindo-se menos no combate à pobreza
O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, padre Jardim Moreira, considerou hoje que na origem da redução da ajuda dos países da União Europeia para a erradicação da pobreza está a “aposta” no lucro em detrimento do bem social.
Em declarações à agência Lusa, a propósito do relatório da Confederação Europeia de Organizações Não Governamentais de Ajuda Humanitária e Desenvolvimento divulgado hoje, dia em que se assinala o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, o padre Jardim Moreira disse não ter ficado surpreendido com os dados do relatório, uma vez que nos últimos anos o valor global da ajuda dos países da União Europeia tem vindo a baixar devido à crise mundial e a primazia dada ao lucro.
“A situação resulta da falência do sistema capitalista neoliberal na Europa que tem colocado os interesses do lucro e do domínio de uma mobilização económica acima do bem comum”, disse o responsável.
O documento avança que o valor global da ajuda dos países da União Europeia para combater a pobreza mundial decresceu 4% em 2012.
O relatório Aid Watch da Confederação salienta que os países da UE disponibilizaram 50,6 mil milhões de euros – 0,39% do rendimento nacional bruto da UE – para a ajuda ao desenvolvimento, uma redução relativamente a 2011.
Em declarações à Lusa, o presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza disse que a Europa continua a fazer cortes generalizados na ajuda ao combate à pobreza, dando primazia aos resultados económicos e não ao bem-estar social.
“Quem governa os países já não são os governos, mas o domínio cego da economia”, sublinhou.
O padre Jardim Moreira disse que há uma “inversão de estratégias e de orientações”, o que está a provocar uma sociedade mais pobre, investindo-se menos no combate à pobreza.
Sobre o Dia Mundial da Erradicação Contra a Pobreza que hoje é assinalado por todo o país, o padre Jardim Moreira disse que a Rede vai chamar a atenção da sociedade civil e dos políticos para a realidade portuguesa e para a necessidade de se implementarem medidas urgentes de combate.
“Queremos que as pessoas tomem consciência de que devemos ir ao encontro de quem mais precisa (…) para criar uma proximidade fraterna, mais justa e mais solidária”, disse.