20.1.22

Rio e o combate à pobreza. "Temos de mudar o modelo económico”

André Rodrigues, com redação, in RR

Líder do PSD e candidato a primeiro-ministro reage à entrevista de Carlos Farinha Rodrigues à Renascença, em que o economista defende o combate à pobreza como um "desígnio nacional".

Rui Rio defende uma alteração de modelo económico para promover o aumento de salários. É a resposta do líder do PSD às declarações de Carlos Farinha Rodrigues que, em entrevista à Renascença, aponta o combate à pobreza como um desígnio nacional para o próximo Governo.

Confrontado com estas afirmações, durante uma ação de campanha em Alvalade, Lisboa, Rui Rio disse que a prioridade é responder a quem trabalha e não consegue sair da situação de pobreza. Portugal tem atualmente cerca de 11% de trabalhadores pobres.

“Temos a pobreza pobreza e temos a pobreza que ainda é mais incompreensível, que é a daquelas pessoas que trabalham, têm um salário e, apesar disso, são pobres. É por onde temos de começar, pelo aumentos dos salários. Para isso, temos de mudar o modelo económico”, disse o líder do PSD.

Economista de formação, Rui Rio adverte que é fundamental mudar o modelo económico implementado pelo Governo de António Costa, para Portugal conseguir erradicar a pobreza.

“Se continuarmos com o mesmo modelo de desenvolvimento económico do PS, obteremos resultados idênticos àqueles que o PS tem tido e não conseguiremos tirar da pobreza aqueles que, trabalhando, estão na pobreza, e aqueles que não trabalhando, não tendo condições para ter os seus próprios rendimentos possam não ter os apoios sociais suficientes porque o país não tem a riqueza suficiente.”

O candidato a primeiro-ministro afirma que, se o país “não produzir mais, não consegue ter para distribuir”.

“Faço-o de forma fictícia durante algum tempo, mas à custa da dívida pública e, depois, vem o ricochete contra o país e, principalmente, contra os mais desfavorecidos”, argumenta Rui Rio.

Em entrevista à Renascença, Carlos Farinha Rodrigues, economista e especialista nas questões de Pobreza e Desigualdade, deixa claro que é preciso pôr no terreno uma Estratégia de Combate à Pobreza, que tenha como objetivo a sua erradicação. O que exige medidas estruturais, uma visão e uma intervenção integrada.


O professor e investigador do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) frisa que a pandemia mostrou que é preciso reforçar o Estado Social, para garantir mais e melhor proteção a quem precisa.

Considera que o combate à pobreza tem que ser uma prioridade do próximo Governo, seja de que partido for, e é preciso conhecer as propostas de cada um. Por isso, lamenta que a pobreza não seja um dos temas em discussão nos debates da campanha eleitoral.

A pandemia de Covid-19 reverteu os bons resultados que estavam a ser conseguidos desde 2014 no combate à pobreza. 2020 foi o ano em que se registou o maior agravamento em décadas, fazendo cair na pobreza mais de duzentas mil pessoas. Os dados divulgados pelo INE no fim de dezembro mostram que o nível de pobreza aumentou 2,2% de 2019 para 2020, para 18,4%, atingindo cerca de 1,9 milhões de portugueses.