28.1.22

Movimento pede aos eleitores com mais de 60 anos que votem nos partidos que defendem os seus direitos

Ana Carrilho, in RR

Um quinto da população portuguesa tem mais de 65 anos e a tendência é para que o envelhecimento de se acentue. “Em breve, Portugal será o terceiro país do mundo em envelhecimento populacional”, alerta o coordenador do movimento StopIdadismo. Mas é um grupo que continua invisível nas políticas públicas, diz José Carreira em entrevista á Renascença.

O movimento StopIdadismo recomenda a cada um dos eleitores maiores de 60 anos que vote nos partidos que defendem os seus direitos.

Em Portugal, o movimento StopIdadismo nasceu em março de 2021 e meses depois interpelou os partidos e candidatos às autárquicas sobre as propostas que tinham para a sua população mais velha e para promover o envelhecimento ativo. Sem respostas, “voltou à carga”.

“Recebemos uma ou outra resposta dos partidos, a dizer que iam encaminhar o pedido do StopIdadismo para os seus candidatos. Foi quase um silêncio ensurdecedor, lamenta o coordenador do movimento português, José Carreira.

Revela ainda que se deram ao trabalho de acompanhar os diversos debates para as Eleições Autárquicas e foi com desalento que constataram que o tema do envelhecimento é “invisível, não foi tratado. Nem outros temas da demografia, nomeadamente, a quebra da natalidade, um dos grandes problemas do país”.

Por isso, agora, o movimento mudou de estratégia: pegou nos programas eleitorais dos diversos partidos com assento parlamentar, analisou-os e divulga as propostas concretas de cada um no seu site www.stopidadismo.pt .

“Assim, as pessoas deste grupo – cada vez maior – podem perceber mais facilmente o que cada partido propõe para construir aquilo que defendemos, que é o de ser um país, uma comunidade, um concelho, um bairro amigo de todas as idades”. Recolhemos informação de todos os que têm assento parlamentar: quase todos têm várias propostas e um deles tem apenas uma linha, o que é bastante esclarecedor”, diz José Carreira.

Por outro lado, garante que a intenção do movimento não é dar qualquer indicação de voto, mas sim, que as pessoas votem -e votem em segurança. “Mas acima de tudo, que votem de forma consciente e informada sobre as propostas que as forças políticas que concorrem às Legislativas têm para o seu grupo”.
Portugal precisa de uma Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo

“Tendo em conta que a OMS – Organização Mundial de Saúde – lançou a Década do Envelhecimento Saudável 2020-2030, faz todo o sentido que o novo governo tenha uma Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável. E que a concretize”, sublinha José Carreira.

Lembra ainda que há uma proposta de Estratégia, de 2016 e que devia ter sido implementada a partir de 2017 até 2025. “Mas nunca foi aprovada nem, obviamente, implementada. Há aqui uma oportunidade que não podemos perder, enquanto país, que é a de seguirmos os pressupostos e objetivos da Década para Envelhecimento Saudável para podermos construir uma sociedade para todas as idades, fundamentada nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”.

Para o líder do movimento StopIdadismo em Portugal, os ganhos podem ser maiores, nomeadamente em três áreas: no combate à pobreza das pessoas mais velhas, “que é uma situação muito dura”; no combate á solidão não desejada e “já sabemos que a solidão pode matar”; e no trabalho/desemprego das pessoas com mais de 50 anos, “que é um tema que deve merecer mais atenção”.

José Carreira deixa ainda a garantia de que assim que houver novo governo formado, o movimento StopIdadismo vai pedir audiências aos ministros e aos partidos com assento parlamentar.