Emma Batha e PÚBLICO, in Público online
Segundo o relatório da Oxfam, os rendimentos dos mais pobres do mundo baixou e para isso contribuíram também a morte de 21 mil pessoas por dia por causa da covid-19.
As dez pessoas mais ricas do mundo mais que duplicaram as suas fortunas para 1,5 biliões de dólares (1,3 biliões de euros) durante a pandemia, à medida que as taxas de pobreza dispararam, de acordo com um estudo divulgado pela Oxfam, uma instituição de caridade britânica que é uma congregação de centenas de associações que actuam em mais de 90 países. Estes dados surge nesta segunda-feira, antes de um encontro de alto nível do Fórum Económico Mundial, em Davos.
Tradicionalmente, neste encontra na estação de ski suíça, é costume reunirem-se milhares de líderes empresariais e políticos, celebridades, activistas, economistas e jornalistas para debates sobre temas da actualidade. Contudo, devido ao surgimento da variante Ómicron, esta reunião será apenas online.
Segundo o relatório da Oxfam, que costuma ser divulgado antes de Davos, os rendimentos dos mais pobres do mundo baixou e para isso contribuíram também a morte de 21 mil pessoas por dia. Já para os dez homens mais ricos do mundo, as suas fortunas colectivas mais do que duplicaram desde Março de 2020.
De acordo com dados da Forbes, citados pela Oxfam, os dez homens mais ricos do mundo são: Elon Musk, Jeff Bezos, Bernard Arnault e família, Bill Gates, Larry Ellison, Larry Page, Sergey Brin, Mark Zuckerberg, Steve Ballmer e Warren Buffet.
“Durante a pandemia, houve um novo bilionário criado quase todos os dias, enquanto 99% da população mundial está pior por causa de confinamentos, há menos comércio internacional, menos turismo internacional e, como resultado disso, mais de 160 milhões de pessoas foram empurradas para pobreza”, denuncia Danny Sriskandarajah, director-executivo da Oxfam no Reino Unido, citado pela BBC. “Algo está profundamente errado no nosso sistema económico”, lamenta.
Eis alguns números sobre a desigualdade global:
Os multimilionários viram um aumento recorde na sua riqueza durante a pandemia.
As dez pessoas mais ricas aumentaram as suas fortunas em 15.000 dólares (13 mil euros) por segundo ou 1,3 mil milhões (1,14 mil milhões de euros) por dia durante a pandemia.
Os dez mais ricos possuem mais do que os 3,1 mil milhões de pessoas mais pobres do mundo.
A cada 26 horas, desde o início da pandemia, foi criado um novo multimilionário.
Estima-se que mais de 160 milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza durante a pandemia.
Pela primeira vez, numa geração, a desigualdade entre as nações deve aumentar, e também está acrescet dentro dos países.
As nações ricas estão a recuperar mais rapidamente do que as outras. A produção nos países ricos provavelmente retornará às tendências pré-pandemia até 2023, mas cairá 4% em média nos países em desenvolvimento, segundo o Banco Mundial.
Em 2023, o rendimento per capita provavelmente permanecerá abaixo dos níveis de 2019 em 40 países em desenvolvimento, diz o Banco Mundial.
A desigualdade contribui para a morte de pelo menos 21.300 pessoas por dia — uma pessoa a cada quatro segundos, de acordo com o relatório da Oxfam.
Estima-se que 5,6 milhões de pessoas em países pobres morrem a cada ano devido à falta de acesso à saúde, enquanto a fome mata mais de 2,1 milhões anualmente, segundo o relatório.
A proporção de pessoas com covid-19 que morrem da doença nos países em desenvolvimento foi estimada em aproximadamente o dobro da dos países ricos.
Pouco mais de 7% das pessoas em países pobres receberam uma dose de vacina em comparação com mais de 75% em países ricos.
O 1% mais rico do mundo emite duas vezes mais dióxido de carbono que aquece o planeta do que os 50% mais pobres.
Se não for controlada, a mudança climática pode levar até 132 milhões de pessoas à pobreza extrema até 2030, segundo estimativas do Banco Mundial.
A pandemia também atrasou o progresso global em direcção à igualdade de género. Levará quase 136 anos para que as mulheres estejam em pé de igualdade com os homens – acima dos 99 anos pré-pandemia.
Fontes: Oxfam, Banco Mundial, McKinsey Global Institute, Fórum Económico Mundial