9.3.09

174 localidades portuguesas e espanholas constituem agrupamento de cooperação

Ana Fragoso, in Jornal Público

O objectivo é combater a desertificação com a criação de emprego. Recursos naturais, turismo e desenvolvimento tecnológico são prioridades


Foi anteontem, oficialmente, constituído e apresentado o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Duero-Douro, que reúne 174 localidades portuguesas e espanholas. A constituição deste organismo vem na sequência de dois anos de trabalho de preparação e de definição de projectos que podem, no actual quadro comunitário de apoio, representar investimentos na ordem dos 40 milhões de euros neste território.
"Este agrupamento representa um território com 8500 quilómetros quadrados e que apenas possui 110 mil habitantes", apontou José Luís Pascoal, presidente da autarquia de Trabanca, em Espanha, um dos impulsionadores deste agrupamento e membro da comissão directiva.

O presidente do município de Mogadouro, chefe de fila deste agrupamento, defende que o ansiado desenvolvimento e a escala que se procura com esta união têm um único grande objectivo: "A criação de emprego, na agricultura, no turismo, no que seja; se não conseguirmos criar emprego não conseguimos fixar a população e podemos gastar muito dinheiro e fazer muito investimento que não vamos alterar a desertificação que sofremos", sublinhou.

A baixa densidade populacional e, por conseguinte, a escassa dinâmica económica, social e cultural são factores comuns a cada uma das freguesias, municípios ou simples aldeias que integram o agrupamento. "Este é o quarto agrupamento de cooperação criado no âmbito dos 27 países que integram a União Europeia, mas o primeiro que reúne tão elevado número de elementos", apontou. Na cerimónia de apresentação deste agrupamento, que anteontem teve lugar em Miranda do Douro, estiveram presentes os secretários de Estado responsáveis pela área do desenvolvimento regional de Portugal e Espanha, Nuno Baleiras e Fernando Puig, respectivamente.

"Quisemos associar-nos a este consórcio de freguesias e municípios, que constitui um verdadeiro tratado internacional, porque consideramos que este é o verdadeiro caminho para o desenvolvimento da nossa raia", defendeu Baleiras. Puig acrescentou que os governos dos dois países assumiram o compromisso de apoiar este agrupamento, quer através de fundos nacionais, quer nas negociações para alcançar fundos europeus.

Os recursos naturais, o turismo e promoção do desenvolvimento tecnológico são objectivos deste agrupamento que, por ser dotado de personalidade jurídica, pode negociar directamente com Bruxelas os fundos a atribuir e pode também gerir esses mesmos fundos.

110
mil pessoas habitam neste território com 8500 quilómetros e que reúne 174 municípios dos dois países