8.3.09

Mulheres multifunções são as portuguesas do século XXI

Céu Neves, in Diário de Notícias

Urbanas. Celebra-se hoje o Dia Internacional da Mulher e a efeméride foi o pretexto para o DN tentar descobrir quem são as mulheres portuguesas actuais. Jovens ou menos jovens. Sós ou acompanhadas. Mais ou menos escolarizadas. Com mais ou menos poder económico. E chegou a seis perfis possíveis e que marcam tendências, exemplificados com algumas das mulheres que fazem parte da actualidade nacional


A idade o estado civil contam menos que a profissão e a classe


A idade não conta e ficar em casa nem pensar. Adia-se a maternidade, tem-se menos filhos, mas está fora de questão desistir da profissão. E, depois, há que conciliar a vida familiar com a profissional, mesmo que, por vezes, se fique com a sensação de que o cobertor não tapa os pés, ou os ombros. É a mulher multifunções em desespero. Juntam-se as preocupações com a imagem e o físico, enfim, com a saúde, e temos a mulher portuguesa do século XXI. Mulheres que conquistaram espaço fora do lar, o que, na prática, quer dizer: acumularam tarefas. Hoje é Dia Internacional da Mulher, porque não dizê-lo: dia das supermulheres!

O retrato é feito com base na sociologia da família e do trabalho, mas também das áreas da saúde e da moda. Que nos dizem que as diferenças que possamos encontrar entre as mulheres portuguesas têm mais a ver com a profissão, as habilitações literárias, os meios económicos e a classe social, do que com a idade, o estado civil ou a maternidade. Mesmo que sejam cada vez mais as portuguesas que optem, ou sejam condicionadas a optar, por viver sozinhos e ter filhos mais tarde ou, simplesmente, não os ter.

"A mulher portuguesa é uma mulher que não fica em casa. Faz a vida doméstica, mas mantém a actividade profissional [ao lado da sueca, é a taxa de actividade mais elevada da UE] e até tem um nível de actividade superior após o nascimento dos filhos", explica a socióloga da família Maria das Dores Guerreiro.

E como é que toda aquela actividade se concilia com as questões da saúde e do físico? A médica Maria Amélia Nunes fez um mestrado na área da sociologia da saúde e concluiu que "as classes sociais altas têm uma percepção mais positiva da sua saúde do que as classes mais baixas e vêem-na como um equilíbrio físico e e ambiental. A saúde é vista como um instrumento de trabalho". Mas são ainda uma minoria as que associam a actividade física à saúde e bem-estar, sobretudo "as mulheres com um capital escolar elevado".

A criadora de moda Sofia de Almeida explica que os anos 90 "se começaram a somar todos os looks, a reciclar estilos e a recriar imagens com apontamentos de várias épocas". E conclui: "Actualmente, tudo é permitido, mas a profissão, o grupo social e o estilo de vida determinam ou pelos menos denunciam as opções de moda."