in Diário de Notícias
Como as famílias não têm dinheiro, estão a cortar no ordenado das criadas. E está a tornar-se difícil encontrar trabalho na área.
A crise das famílias está a afectar as empregadas domésticas, que vêem o trabalho a reduzir-se e são obrigadas a baixar o preço cobrado à hora para conseguir manter o emprego.
O Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Limpeza, Domésticas e Actividades Diversas (STAD) revelou à Lusa que há vários casos de empregadas que fazem cada vez menos horas de trabalho semanais.
"[As famílias] estão a cortar horas nas empregadas. Havia domésticas que trabalhavam sete horas por dia e agora trabalham só quatro. Estão a cortar devido a problemas financeiros que também os patrões têm e não podem ter as domésticas o dia inteiro, como tinham antes", contou Alice Gouveia, dirigente do STAD.
A crise entre as empregadas domésticas sente-se desde 2009, mas "cada vez está e será pior", prevê a dirigente sindical: "As famílias ficam sem poder de compra e têm de reduzir o número de horas" para conseguirem pagar.
Para fazer face à crise, a solução encontrada por muitas domésticas "é trabalhar duas ou três horas por casa e arranjarem mais lares onde fazer limpezas".
Menos euros por hora
Além de multiplicarem os locais de trabalho, Alice Gouveia refere que as domésticas começam a ter de cobrar menos por cada hora de trabalho: "Havia trabalhadoras a ganhar oito euros à hora e agora reduzem para cinco euros".
Nesta situação está Simone Leite, que trabalhava quatro vezes por semana numa casa, num total de 32 horas semanais, e no início deste ano viu esse horário reduzido para metade.
"Tive de arranjar mais duas casas a fazer poucas horas em cada. Mas nem me compensa no que levo para casa ao fim do mês. Antes levava 680 euros, agora não passo dos 500. E ando mais de transportes e tive de comprar um passe mais caro", contou.
Segundo o sindicato, há ainda muitas situações de domésticas que são despedidas e cujos patrões se recusam a fazer o acerto de contas.