in Jornal de Notícias
EconomiaBancos oferecem descontos até 30% na venda dos imóveis em carteira
Publicado às 10.18
Os bancos estão a apostar em campanhas agressivas para venderem os imóveis que têm em carteira, oferecendo condições únicas no financiamento e descontos no preço até aos 30%.
Para captarem o interesse dos compradores, os bancos portugueses estão a financiar a compra destes imóveis, que 'herdaram' devido ao incumprimento dos contratos de crédito à habitação, a 100%, algo que já há vários meses não se verifica nos contratos relativos a imóveis que não sejam da sua carteira própria.
Depois, oferecem 'spreads' mais competitivos do que os que são praticados nos novos contratos de crédito à habitação, cuja média trepou de 2,69% em dezembro para os 3,15% em janeiro, a maior subida mensal desde que há registos (janeiro de 2003), além de facilitarem a compra, nalguns casos, através da isenção dos custos de avaliação e das despesas de dossier.
Em cima disto, há ainda a destacar o desconto no preço dos imóveis, que varia muito consoante as suas características, mas que pode atingir os 30%, tornando a compra destes imóveis ainda mais aliciante.
A agência Lusa colocou uma série de questões a vários bancos, consultando igualmente as campanhas em curso para a venda de imóveis, e com a informação recolhida é possível afirmar que esta área de negócio tem vindo a ganhar uma importância crescida, sobretudo, quando há metas para a desalavancagem da banca impostas pela 'troika'.
O Santander Totta revelou que, apesar de ser um número variável, detém em média, 1500 a 1600 imóveis em carteira para venda, sublinhando que "não tem havido grandes alterações nos últimos anos" neste item. Já o BBVA Portugal detém cerca de 700 imóveis à disposição com condições de financiamento mais vantajosas do que as praticadas para outro tipo de imóveis.
Os outros bancos contactados pela Lusa (CGD, BCP, BES e Banco BPI) escusaram-se a revelar estes dados.
"Temos neste momento um 'spread' de 2% nos financiamentos para imóveis destinados à habitação, sendo o financiamento a 100 por cento. Os descontos nos preços face aos valores do mercado variam muito em função do tipo e antiguidade do imóvel, localização e outros aspetos. Mas podemos dizer que os preços praticados incorporam um desconto que ronda os 20% a 30%", revelou à Lusa fonte oficial do Santander Totta, que informou que o banco alienou cerca de 2200 imóveis nos últimos dois anos.
Por seu turno, fonte oficial do Millennium BCP disse à Lusa que lançou recentemente o M Imóveis, "um importante e novo negócio" do banco, "onde as sucursais alienam imóveis em carteira com excecionais condições de financiamento", que passam pelo financiamento a 100%, 'spreads' mais competitivos, bem como pela isenção dos custos de avaliação e de despesas de dossier.
Além deste novo serviço, o BCP também lançou o "Mês das Oportunidades", durante um qual o banco promove em diferentes regiões do país a venda de vários imóveis em promoção. Quinzenalmente, são também realizadas vendas de dois imóveis com proposta em 'carta fechada', com uma base de licitação em que o vencedor será o que apresenta a melhor proposta. E promove ainda um leilão por mês, em cada região em que decorre o "Mês das Oportunidades", além de outros leilões de âmbito nacional.
O BES revelou recentemente que no ano passado houve 158 famílias que renegociaram o crédito à habitação, e que o banco lançou um programa para a "deteção automática de clientes que revelem sinais de alerta quanto à dificuldade em cumprirem as suas obrigações".
Na página da Internet do BES Imóveis em Campanha, em que se pode conhecer alguns dos comercializados pelo banco (entre apartamentos, lojas ou terrenos), este apresenta "condições especiais para imóveis em desinvestimento" em que oferece um 'spread' geral desde 2,5 por cento", com um montante de financiamento máximo de 100 por cento e ainda a isenção da comissão de estudo de processo e do estudo de comissão de avaliação.
Na CGD, através da Caixa Imobiliário, também são oferecidas condições especiais para a venda dos imóveis que pertencem ao grupo financeiro público, com o financiamento de 100 por cento do valor de avaliação, com a taxa de juro fixa nos 2,75 por cento ao ano (nos primeiros três anos) e com uma bonificação de 1 por cento no 'spread' base no restante prazo do empréstimo.
Também há a dispensa de avaliação e de encargos inerentes, isenção da comissão de estudo, entre outras vantagens.
Quanto ao BPI, segundo a informação recolhida no seu 'site', nos 364 imóveis do banco que estão em venda é prometido um financiamento "com 'spread' especial", a dispensa de avaliação do imóvel e a isenção das comissões iniciais.