31.3.12

Confederação de Famílias acusa Estado de se demitir da formação cívica dos jovens

in Público on-line

A Confederação Nacional de Associações de Família (CNAF) acusou nesta quinta-feira o Estado de se demitir de transmitir valores aos mais jovens, ao anunciar o fim da disciplina de Educação para a Cidadania, na sequência da revisão curricular.

Em comunicado, a CNAF considera ser “mais do que óbvio” que o fim da Educação para a Cidadania, como disciplina autónoma obrigatória, significa que o Ministério da Educação deixa de garantir que as escolas transmitam aos seus alunos valores de cidadania de forma relevante.

Na segunda-feira, o ministro da Educação, Nuno Crato, explicou que, no âmbito da revisão curricular, que entrará em vigor no próximo ano lectivo, o Ministério decidiu manter a disciplina como “intenção educativa” em todas as áreas curriculares, mas não como disciplina autónoma obrigatória.

Segundo o ministro, as escolas podem optar por manter uma hora dedicada especificamente a esta área ou usá-la para outras actividades, e valorizar o carácter transversal da formação cívica, todos os dias e em diferentes disciplinas.

O carácter transversal da Educação Para a Cidadania far-se-á também através da definição de “conteúdos e orientações” nos programas, indicou o governante.

A CNAF não concorda com esta posição, defendendo que “não se vislumbra, nessa alegada transversalidade, que a escola cumpra a sua obrigação de formar”.

“Teríamos antes uma enorme amálgama de conteúdos soltos, sem orientação nem coerência, que podemos até encontrar em quaisquer outros locais (no café ou no clube, por exemplo), em que cada um é livre de comunicar ou não, e na medida que entender”, critica.

Nesse sentido, a CNAF entende que “o Estado demite-se, mais uma vez, de transmitir valores aos mais jovens” e que isso “também explica a sociedade desregrada e violenta” actual.

No entender da CNAF há uma abundância de informação, mas uma escassez de formação, e aponta os hábitos de poupança, o valor do trabalho, o respeito pelo ambiente, a segurança rodoviária, o alcoolismo e a droga, o empreendedorismo, o interesse pelo património histórico e cultural, entre outros.

A CNAF lembra que o papel do professor não se esgota na transmissão de conhecimentos e aponta que o fim desta disciplina “é mais um sinal indutor do relativismo moral”.